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Zezé Motta: Ser mulher é ser livre, é ser líder, senhora do meu destino

ZEZÉ MOTTA: SER MULHER É SER LIVRE

Zezé Motta: Ser mulher é ser livre, é ser líder, senhora do meu destino

Zezé Motta 

“Eu sou mulher e decidi viver de escolhas, não de chances. Optei por ser motivada e não manipulada, ser útil e não usada, me sobressair e não competir. Eu escolhi amor-próprio e não autopiedade. Eu escolhi ouvir minha própria voz, não a opinião dos outros. Eu descobri que ser mulher é ser livre, é ser líder, senhora do meu destino.”
 
Zezé Motta
 
Zeze Motta Jornal da USP
Foto Interna: Jornal da USP. Capa: Mundo Negro. 

Maria José “Zezé” Motta de Oliveira OMC (Campos dos Goytacazes, 27 de junho de 1944) é uma atriz e cantora brasileira, considerada uma das maiores artistas do país, expoente da cultura afro-brasileira. Zezé já ganhou inúmeros prêmios, incluindo um Troféu Candango pelo Festival de Brasília, e um Prêmio Air France, além de ter recebido indicações para três prêmios Grande Otelo e um Prêmio Guarani. Em 2019, ela recebeu um Grande Otelo Honorário.

Prolífica no teatro desde o final da década de 1960, Zezé fez sua estreia profissional na peça Roda Viva de Chico Buarque. Logo foi reconhecida por seu talento e por sua potência vocal, seguindo também uma carreira profissional como cantora. Em 1968 estreou na televisão com um papel coadjuvante na novela da TV Tupi Beto Rockfeller. Depois passou a integrar o elenco de diversas produções na TV.

Tendo aparecido em pequenos papéis no cinema e na televisão no início de sua carreira, Motta recebeu ampla atenção e aclamação da crítica por sua atuação como Chica da Silva no filme Xica da Silva em 1976. Ela recebeu os principais prêmios do cinema brasileiro por esse trabalho, incluindo o Prêmio Air France, o Prêmio Coruja de Ouro, o Prêmio Governador do Estado e o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cinema de Brasília.

Com sua personagem Sônia Rangel na novela do horário nobre da TV Globo Corpo a Corpo em 1984, ela ganhou seu primeiro grande destaque na televisão. Na trama, ela vivia par romântico com um homem branco, fato esse que não foi aceito pelo público à época e a atriz sofreu ataques racistas e ameaças durante a exibição. Em 2007 foi agraciada com o Troféu Oscarito pelo Festival de Gramado, prêmio destinado aos maiores contribuintes do cinema nacional.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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