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Pantanal: Acordo inédito para salvar o bioma

Pantanal: Acordo inédito para salvar o bioma

Pantanal: Acordo inédito para salvar o bioma Assinado acordo inédito pela conservação e desenvolvimento sustentável do Pantanal

Em uma decisão inédita e histórica, os ministros de Meio Ambiente do Brasil, José Sarney Filho, e da Bolívia, Carlos Ortoño, e o ministro de Comércio Exterior do Paraguai, Didier Olmedo, assinaram hoje, durante o 8º Fórum Mundial da Água, em Brasília, uma declaração trinacional de compromisso com a conservação e com o desenvolvimento social, econômico e sustentável do Pantanal.

Por Renata Andrada Peña/WWF 
Colaborou Bruno Taitson

A partir de agora, os três países devem trabalhar de forma integrada na implementação de ações coordenadas e conjuntas com foco na segurança hídrica, incluindo a redução e o controle da poluição, fortalecimento da governança da água com vistas a conservação dos ecossistemas e sua conectividade, adoção de medidas que fortaleçam sistemas produtivos resilientes para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e a ampliação do conhecimento científico para o Pantanal. O documento também faz referência ao respeito dos direitos humanos, em especial aos direitos dos povos indígenas e populações tradicionais.

O diretor-executivo do WWF-Brasil, Mauricio Voivodic, comemorou o documento assinado hoje, Dia Mundial da Água: “Essa declaração se tornará um marco para a gestão de bacias transfronteiriças. Para as áreas naturais, não há fronteiras geográficas e políticas. Demos um passo fundamental para a conservação e o uso sustentável do Pantanal”.

Para o coordenador do Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil, Júlio César Sampaio, a assinatura da declaração conjunta é motivo alegria, já que o bioma necessita de ações urgentes de desenvolvimento e conservação. “A região das cabeceiras, no planalto, onde nascem as águas que abastecem o Pantanal, está em alto risco. Mais de 55% já foi desmatada e enfrenta ainda outras graves ameaças como falta de saneamento básico, baixa adoção de boas práticas agropecuárias e construção de hidrovias”, afirmou.

Durante o ato de assinatura, o ministro José Sarney Filho reafirmou a relevância da declaração conjunta: “as atividades no território brasileiro interferem diretamente na quantidade e na qualidade da água na Bolívia e no Paraguai. É de grande importância estarmos juntos os três países unindo esforços pelo Pantanal, que é patrimônio do mundo e uma jóia rara que merece ser preservada”.

Por sua vez, o representante do Paraguai, Didier Olmedo, destacou o esforço dos três países no sentido de trabalhar em prol da maior área úmida do planeta. “Ações coordenadas para criar mecanismos de gestão integrada são indispensáveis. Nossa iniciativa está em sintonia com a condição da água como direito humano fundamental”, disse.

Para o ministro boliviano a implementação das ações previstas na declaração é um grande desafio. “Muitas iniciativas transfronteiriças não se concretizam. Temos em nossas mãos uma oportunidade de cooperação e diálogo pelo desenvolvimento de nossos povos. A água se relaciona com a ordem, a segurança e a paz. Hoje Bolívia, Brasil e Paraguai são um só. Hoje somos Pantanal”, concluiu Carlos Ortoño.

01/04/2018

Pantanal conexaoplaneta.com .brFoto: conexaoplaneta.com.br

O Pantanal 

O Pantanal é a maior planície inundável continental do mundo, com cerca de 175.000 km2. Aproximadamente 10 milhões de pessoas dependem dos serviços ecossistêmicos do Bioma. Na região do Pantanal, existem hoje 10 sítios Ramsar (áreas úmidas de importância internacional) reconhecidos pela Convenção. Três deles estão no Brasil: Parque Nacional do Pantanal Matogrossense; RPPN Sesc Pantanal e RPPN Fazenda do Rio Negro. O Pantanal abriga rica biodiversidade: mais de 4 mil espécies de animais e plantas já foram registradas.  Assim como a fauna e flora da região são admiráveis, há de se destacar a rica presença das comunidades tradicionais como as indígenas, quilombolas, os coletores de iscas ao longo do Rio Paraguai, comunidade Amolar e Paraguai Mirim, dentre outras. No decorrer dos anos essas comunidades influenciaram diretamente na formação cultural da população pantaneira. Apesar de sua beleza natural exuberante o bioma vem sendo muito impactado pela ação humana não sustentável. Apenas 4,6% do Pantanal encontram-se protegidos por unidades de conservação, dos quais 2,9% correspondem a UCs de proteção integral e 1,7% a UCs de uso sustentável (BRASIL, 2015).

Pantanal qualviagem.com
Foto: silvialinhares.blogspost.com
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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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