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Fiódor Dostoiévski faz 200 anos

Fiódor Dostoiévski faz 200 anos

Laurez Cerqueira

Anota aí e não se esqueça: Fiódor Dostoiévski faz 200 anos. Ele está vivo, é imortal!
Essa festa pode ir parar nas primeiras páginas dos jornais de São Petersburgo.
Vamos comemorar o aniversário dele com muita vodka, em “Notes Brancas”. Não sou “O Idiota”. “Tomei Notas do Subsolo”, para não me esquecer.
 
Convidei “Gente Pobre”, “Humilhados e Ofendidos”, “Os Irmãos Karamázov”, alguns “Demônios”. “O Ladrão Honesto” e “O Eterno Marido” também disseram que vêm.
 
Gostei muito da confirmação dos personagens. Tive que relevar aquela história de Crime e Castigo.
Raskólnicov, finalmente vai sair daquela espelunca onde vive a maquinar coisas de gente Ordinária e Extraordinária. Uma pena, ele é um rapaz inteligente, mas refém da obsessão por vingança e por aqueles planos para assassinatos.
 
Fiquei em dúvida se convido Sônia. Paixão e mágoa é nitroglicerina pura. Não faço a menor ideia de como seria o encontro dos dois: Raskólnicov e ela. Alguém me ajuda? O que faço?
Combinei com ele não convidar Aliona Ivanovna, aquela velhinha agiota, avara, e sua bondosa irmã, Lisavieta. Pode dar bode bárbaro.
 
E dele não trazer o machado, para evitar tragédia, sangue. Conheço a persona: quando bebe perde o juízo.
 
Fiquei muito feliz com as confirmações de Natasya Filippovna, o Príncipe Michkin, Sonhador, Nástienka, I. I. Ivanov, Sergey Nechayev e todos os outros personagens que devem suas existências ao grande gênio da literatura Fiódor Dostoiévski. A lista é grande.
 
Já imaginou toda essa gente junta? Meu medo é o que pode acontecer o impeachment de todas as personagens juntas numa festa.
 
No mínimo dá um roteiro para um filme.
 
Laurez Cerqueira – Escritor. Capa: Revista Cult -UOL 
 
Pode ser uma imagem de 1 pessoa e barba

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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