ciro esta nu

Ciro está nu

Ciro está nu

Embora lançado como candidato a presidente pelo PDT, Ciro Gomes não consegue manter vivos os conselhos de Leonel Brizola…

Por Fernando Tolentino

Às vésperas da comemoração de 100 anos do fundador do Partido, não lhe ocorre o que lhe recomendou Brizola pouco antes da eleição de 1989: acompanhar o petista Lula, já seu adversário naquela eleição, “isso lhe faria bem”.

Vendo-se agora já praticamente alijado da disputa e tendo Lula de novo à sua frente, sequer suporta ser lembrado do que lhe sugeriu Brizola.
Durante a entrevista coletiva no lançamento de sua candidatura, reagiu agressivamente quando o respeitado jornalista Luis Costa Pinto, do 247, questionou se estaria junto com a para apoiar Lula em um eventual segundo turno ou se retiraria em Paris, como fez em 2018.

Agrediu violentamente aquele veículo de : “O 247 não é um órgão de imprensa. É um panfleto do Lula.” E foi além: “Pago com dinheiro sujo”…
Como se deu com o famigerado triplex de Guarujá, atribuído sem qualquer prova a Lula pelo suspeito ex-juiz (agora com o nome também lançado na mesma disputa), acusou Lula de propriedade do 247, não esclarecendo onde vê essa ligação. E muito menos o que chama de “dinheiro sujo” como a fonte de sustentação do órgão de imprensa.

Ciro tenta desqualificar um importante órgão de comunicação com mais de 30 milhões de visitas mensais às suas páginas, 761 mil inscritos no YouTube, 1 milhão de fãs no Facebook e 520 mil seguidores no Twitter. Para não falar do seu considerado de editores e comentaristas.
Trata-se portanto de agressão inteiramente despropositada.

Mas, de concreto, Ciro Gomes reconhece que não estará, mais uma vez, contra o presidente negacionista caso haja um segundo turno em que ele tenha Lula como adversário.

A pergunta foi se estaria unificado com a esquerda e os setores comprometidos com a ou iria de novo pra Paris.
E a desapontadora mas eloquente resposta foi que “nunca mais” estaria junto ao que chamou de “capricho do lulopetismo”.
Ou seja, ao menos que, ao cabo dos oito meses que nos separam das eleições, se invertam inteiramente as tendências do eleitorado, teremos de novo um Ciro como mero espectador.

Político originário da do movimento estudantil e do PDS, partido da base de apoio da , Ciro anuncia que lavará as mãos para o risco de mais quatro anos de um governo neofascista, irresponsável, protetor da , comprometido com a demolição dos direitos trabalhistas e sociais e a entrega do patrimônio nacional. E de um nome que flerta insistentemente com a perspectiva de um golpe contra as demais instituições que dão sustentação ao democrático.

E tudo isso em nome de um PDT que ainda pretende ser visto como um histórico de Leonel Brizola.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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