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Educação no Brasil: Quanto vale um professor?

Na sociedade do conhecimento, o professor brasileiro é mal pago. Pior, em muitos casos, é visto não como um membro da elite intelectual, mas como mais um trabalhador qualificado. Tanto que seu salário é abaixo de outras profissões de nível superior.

Diversas pesquisas sobre o problema têm mostrado que a maior preocupação da sociedade está voltada para esse tema. Ele está acima de outras necessidades como emprego, saúde e habitação. Os resultados das pesquisas são uma demonstração clara de que os nossos governantes estão dissociados da nossa realidade social. Certamente por interesses de classes.

A educação, até hoje, foi usada como ponto de agenda promocional, quando deveria seguir um projeto federalizado de Estado, de forma articulada entre os sistemas, com o propósito de promoção como direito da sociedade à formação integral com qualidade; o reconhecimento e a valorização da diversidade; a definição de parâmetros e diretrizes para a qualificação dos profissionais desse setor, com o estabelecimento de condições salariais idênticas às de outros profissionais de nível superior, que nem sempre têm a mesma exigência de formação continuada do professor.

A característica do tem sido, historicamente, de um país com políticas frágeis no campo social. Isso lhe imprimiu traços marcantes de desigualdades sociais e o convívio com uma das mais altas concentrações de renda do mundo. Essa característica faz a nossa sociedade ser dividida em “casa grande” e “senzala”.

Com uma população de mais de 200 milhões de pessoas, cerca de 50% desse universo são considerados analfabetos funcionais e a maioria vive em situação de pobreza. Assim, podemos constatar que o Brasil é um país injusto por excelência. Nesse panorama é compreensível que a maioria, sem acesso às políticas de promoção social, torne-se presa fácil da delinquência. No bojo das Conferências de Educação, nos governos Lula e Dilma, o sistema educacional em seu conjunto mereceu atenção especial, com projetos articulados para enfrentar o panorama excludente que tem reflexos importantes no seio da sociedade.

Com a derrubada da presidente eleita, o grupo que empolgou o governo de forma antidemocrática, propôs, por Medida Provisória, um projeto de destruição do ensino brasileiro, com medidas que retornam a cartilha do Banco Mundial dos acordos  MEC-USAID, que objetivavam enquadrar o ensino brasileiro nos moldes estadunidenses, com a educação orientada conforme o acordo que visava instituir uma metodologia tecnicista e liberal da educação onde essa seria concebida somente enquanto formadora de trabalhadores para o mercado.

O conteúdo da MP não responde às necessidades do País e dos estudantes. Busca introduzir de forma açodada e não planejada mudanças que afetam a estrutura do ensino público e privado, os currículos e o próprio perfil do ensino médio brasileiro, com viés voltado para a privatização e a oligopolização do sistema.

Precisamos lutar contra essa medida profundamente predatória para nossa educação, que promove a precarização e a desvalorização dos trabalhadores da educação, do ensino público e privado. Para isso, temos que mobilizar as nossas bases, pais e estudantes e a sociedade organizada, na busca da dignidade daquele que tem a responsabilidade de ser o agente de transformação do homem em cidadão. Se queremos um ensino que seja libertador, vale perguntar: “Quanto vale um professor”? Pensemos nisto.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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