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MUÇURANA: UMA COBRA TOTALMENTE INOFENSIVA

MUÇURANA: UMA COBRA TOTALMENTE INOFENSIVA

Muçurana: uma cobra totalmente inofensiva

Outro dia um filhote de muçurana apareceu na garagem aqui de casa. Era uma lindeza de bebê, todo laranja, de cabeça e rabo preto, com menos de meio metro de extensão. Assim como chegou, pegou o rumo do mato, em uma paz de dar gosto.

Por Zezé Weiss

A única vez que eu tinha visto uma muçurana antes foi em Antígua, na Guatemala, há mais de 30 anos. Lá, a bichinha é endêmica e muito respeitada, sobretudo pelos , porque é ofiófaga, ou seja, come outras cobras, em especial as venenosas, como as cascavéis e as jararacas, tão comuns aqui no .  

Pesquisando na internet, descubro que a muçurana, serpente do gênero Clelia, também pode ser encontrada em algumas regiões do , dentre elas no Cerrado, como esse filhote que apareceu aqui por casa.  Enquanto jovem, mantém o corpo laranja ou cor de rosa, com a cabeça preta, como uma falsa-coral.  Depois de adulta, alcança uma coloração azul-chumbo e chega a medir 2,4 metros.

A muçurana é imune ao veneno de todas as cobras, exceto da cobra coral verdadeira, a única capaz de matá-la, em geral depois de uma disputa que dura mais de hora. Totalmente inofensiva para nós da espécie humana, é bom tê-la por perto, o que fica cada vez mais raro, por conta da destruição de seu habitat, de preferência áreas de vegetação densa, ao nível do solo.

Zezé Weiss – Jornalista Socioambiental. Com informações e imagem de capa de: mundoecologia

MUÇURANA: UMA COBRA TOTALMENTE INOFENSIVA
Foto: Mundo dos Sonhos

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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