Mani: A lenda da Mandioca
Diz uma lenda Tupi que, certa vez, uma índia teve uma linda filhinha, a quem deu o nome de Mani.
Por Zezé Weiss
A menina era muito bonita e de pele bem clara, alegre e falante, e era amada por todos.
Mani parecia esconder um mistério, era uma menina muito diferente do restante das crianças, vivia sorrindo e transmitindo alegria para as pessoas da tribo.
Certo dia, porém, a indiazinha não conseguiu se levantar da rede. Toda a tribo ficou alvoroçada. O pajé correu pra acudir, levou ervas e bebidas, fez muitas rezas.
Mesmo assim, nem as rezas do pajé, nem os segredos da mata virgem, nem as águas profundas e muito menos a banha de animais raros puderam evitar a morte de Mani.
A menina morreu com um longo sorriso no rosto. Os pais resolveram enterrá-la na própria oca onde moravam, pois isso era costume dos índios tupi. Regaram a cova com água, mas também com muitas lágrimas, devido à saudade da menina.
Passados alguns dias, no local em que ela foi enterrada, nasceu uma bonita planta. As folhas eram viçosas, e a raiz era escura por fora e branquinha por dentro, lembrando a cor da pele de Mani.
A mãe chamou o arbusto de maniva, em homenagem à filha.
Os índios passaram a utilizar a tal planta para fabricar farinha e cauim, uma bebida de gosto forte. A planta ficou conhecida também como mandioca, mistura de Mani e oca (casa de índio).
Por ser tão útil, tornou-se símbolo de alegria e abundância para os índios – das folhas às raízes.
SOBRE A MANDIOCA
Macaxeira, aipim, maniva, carimã, candinga, mucamba, macamba, xagala, pão-de-pobre, pau-de-farinha, tapioca, uaipi, castelinha ou mandioca (Manihot esculenta Crantz), a também chamada Raiz do Brasil está presente nas cozinhas de todas as partes do país. Muda o lugar, muda o nome, muda a receita, mas o ingrediente é o mesmo e serve de base para delícias que compõem a nossa riquíssima culinária.
Há a mandioca brava, que não pode ser consumida in natura, e a doce, ou mansa. O que difere as duas é a quantidade de ácido cianídrico (substância tóxica) existente. Da mandioca brava é que se faz a maioria dos subprodutos, entre farinhas, féculas e bebidas (cauim e tiquira).
Crua, dá origem ao caldo amarelado da cozinha do Norte (o tucupi), à farinha, ao polvilho (fécula), à “puba”, a uma grande variedade de bolos e a uma das maiores delícias do Brasil, o bolo Mané Pelado.
Cozida ou frita, vai direto ao prato ou serve de base para caldos, escondidinhos, bolinhos, coxinhas, purês, bolos e muito mais que a imaginação possa criar. A farinha de mandioca é obrigatória na paçoca, no pirão, no tutu de feijão, no feijão tropeiro, no escaldado, nas sopas.
O polvilho serve para fazer o beiju (ou tapioca) e para uma infinidade de quitutes, como o pão de queijo, o sequilho, o biscoito de polvilho (peta), o biscoito de queijo, a brevidade e a bolacha de nata. E ainda as folhas, trituradas e cozidas, acrescidas de carne de porco, carne bovina e outros ingredientes defumados e salgados, compõem a maniçoba, uma das expressões indígenas na culinária brasileira.
Rica em carboidrato, fibras, vitaminas do complexo B e minerais (cálcio, fósforo e ferro), a mandioca é considerada originária do Centro-Oeste brasileiro, é consumida por aqui há mais de 5 mil anos, ganhou o mundo e hoje alimenta 500 milhões de pessoas em cerca de 80 países.
Dados sobre a Mandioca: Sua Pesquisa