Lula ratifica apoio a Freixo e fala sobre o combate à fome no Brasil

Lula ratifica apoio a Freixo

Lula ratifica apoio a Freixo e fala sobre o combate à fome no Brasil,Em grande ato no RJ

PorBrasil de Fato

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou nesta quinta-feira (7) de um grande ato de apoio à sua pré-candidatura à presidência da República. A praça da Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, foi preparada para receber aproximadamente 10 mil pessoas em uma área cercada por conta da do petista.

Do lado de fora do espaço cercado com placas metálicas de mais de dois metros de altura, eram esperadas mais 20 mil pessoas. Às 18h50, pouco mais de uma hora antes de Lula iniciar seu discurso no palco, duas bombas foram arremessadas de fora para dentro do local cercado. Os artefatos, feitos com uma garrafa PET, provocaram um forte estrondo. Ninguém se feriu. O local onde a bomba caiu foi isolado e o material rapidamente coletado por civis. 

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O público havia sido orientado a evitar mochilas e bolsas grandes, bandeiras com hastes de madeira (só hastes de PVC) e frascos com álcool gel com mais de 100 ml. O ex-presidente chegou ao palco às 19h, começou a discursar por volta das 20h e não comentou sobre o incidente.

Em sua fala, Lula iniciou enfatizando a aliança com Marcelo Freixo (PSB) para o governo do Rio. “Aqui no Rio eu tenho candidato ao governo, chamado Marcelo Freixo, é preciso ficar claro para cada companheiro que vai votar no Lula que vote no Freixo. Quando a gente for eleito, a gente precisa ter gente pra ajudar. Tem uma coisa importante chamada deputado federal e senador da República também, não dá para eleger gente de direita e fascista. Não é só governar, é cuidar do brasileiro com respeito”, disse. 

Em seguida, se emocionou ao falar sobre a fome que atinge os brasileiros, ao lembrar de sua história pessoal. “Deus foi muito generoso comigo. Fui comer pão pela primeira vez com 7 anos. Se não morri de fome, é porque posso sobreviver muito. Mesmo quando viemos para São Paulo não foram poucas as vezes que minha não tinha comida para botar no ”, disse emocionado destacando que não é justo o povo brasileiro voltar a não ter “comida no prato”.

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O ex-presidente ainda disse que o estado do Rio tem que ser uma das prioridades para quem governa o país. “Tenho consciencia e duvido que o estado do Rio tenha recebido em toda sua historia de qualquer presidente da República a quantidade de recursos que colocamos aqui. Por que fizemos isso? Porque o Rio é muito importante para o Brasil e não poder ficar aparecendo em jornais apenas pela de pobres, de pessoas das favelas. Uma das principais razões da é a ausencia do Estado em cumprir sua função”, afirmou.

Palanque

Antes de Lula, seu candidato apadrinhado no Rio, Marcelo Freixo, discursou ratificando a esperança que deposita na eleição do ex-presidente e também na sua.

“Essa praça está encharcada de esperança. Não vamos só ganhar a eleição, vamos mudar a historia do Rio. O ex-presidente é vascaíno, eu sou flamenguista. O que mostra o seguinte: é possível conviver com a diferenca com alegria, respeito e amor. Foi isso que no governo de Bolsonaro. Irmão deixou de falar com irmão, pai deixou de falar com filho. Nós vamos ganhar essa eleição no primeiro turno e mudar essa realidade de disputa”, afirmou.

Explosões assustaram as pessoas presentes, mas não deixaram feridos, segundo a organização do evento / Eduardo Miranda/Brasil de Fato

Freixo também falou sobre o impacto da fome que assola o estado. “O Rio tem 3 milhões pasando fome e tem 80% do nacional. Isso porque a gente é governado por uma mafia, ela precisa sair do poder. Quero disputar cada menino e cada menina dessa cidade, vamos enfrentar o crime dando oportunidade para as pessoas”, completou.

Ao lado de Freixo, Lula, do pré-candidato a vice, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) e do pré-candidato ao senado André Ceciliano (PT), o palanque cheio contou com a presença de outras lideranças políticas e de que integram o movimento “Vamos Juntos pelo Brasil”, representantes sobretudo dos partidos: PT, PSB, PCdoB, PSol, PV, Solidariedade e Rede.

O vereador do Rio, Lindbergh Farias (PT) foi um deles. O parlamentar disse estar emocionado de compor o palanque.  “Nunca baixei a cabeça para essa turma do Bolsonaro porque sempre soube que estamos do lado da história. Quero ver Sergio Moro atrás das grades por rasgar a Constituição brasileira. Quatro anos e três meses depois, estamos na Cinelândia, de cabeça erguida, e todas as condenações contra Lula foram anuladas. Vamos continuar com a mudança elegendo Lula e uma grande bancada de apoio”, ratificou.

A federal Talíria Petrone (Psol) também declarou apoio ao ex-presidente e destacou sua eleição como essencial para mudar a atual realidade do país. 

“Sinto a responsabilidade histórica do momento, que é do tamanho da dor do povo brasileiro. É preciso estar na linha de frente, do enfrentando. Está insuportável para o povo, está insuportável ser uma mãe preta que fica na fila do osso para comprar pelanca, ser mãe preta que perde o filho, ser um brasileiro que acompanha o massacre aos indígenas. Não podemos errar, é vencer ou vencer, é a força máxima, é Lula e Freixo no primeiro turno”, disse.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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