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SALVE, OXÓSSI, DIVINDADE DA FLORESTA!

Salve, Oxóssi, divindade de !

Oxóssi é uma divindade da floresta, ele vive em função de guardar as matas. Os seus principais símbolos são: um arco, conhecido como Ofã, e um rabo de boi, Eruexim.

Por Letícia Marques

O caçador Oxóssi é um dos poderosos orixás, filho de Oxalá e Iemanjá. Seu nome é de origem Yorubá e significa “guardião popular”.

Sua mais famosa e pela qual ficou conhecido como Rei do Ketu, diz que com apenas uma flecha ele matou um pássaro chamado Eleyé, que foi enviado por uma feiticeira para destruir seu .

Ele possui foco e precisão suficientes para carregar apenas uma flecha consigo. Sempre mirando para acertar, é assim que o orixá protege os seus e a floresta.

Este forte guerreiro de uma flecha só tem uma ligação intrínseca com a , ele mantém o equilíbrio do ecossistema e o protege de pessoas mal intencionadas.

SALVE, OXÓSSI, DIVINDADE DA FLORESTA!
Imagem: Escola

Historicamente, após a invasão dos europeus no continente Africano, muitos filhos de Oxóssi foram retirados forçadamente de sua para o Brasil. Infelizmente, um grande número deles não sobreviveu à travessia do Atlântico e à crueldade enfrentada na nova terra.

Em contrapartida, os sacerdotes que conseguiram sobreviver continuaram o culto a Oxóssi em território brasileiro. Essa é uma das razões pela qual o culto a Oxóssi foi praticamente esquecido na África, mas por outro lado, no Brasil ainda é muito valorizado. 

Um filho ou filha de Oxóssi tem qualidades poderosas que fazem referência aos trejeitos do caçador implacável. Eles são ágeis, focados, precisos, pacientes e comunicativos.

Oxóssi é visto também como um caçador de Axé, ou seja, de boas vibrações. Resiliência e paciência fazem parte da jornada de um seguidor de Oxóssi. Seu caminho é o do caçador, aquele que tem perseverança em seus objetivos e que não se deixa abater facilmente. 

Leia agora uma linda de , escrita por Roque Ferreira.

“Oxossi é o Rei das matas

Oxóssi, filho de Iemanjá

Divindade do clã de Ogum

É Ibualama, é Inlé

Que Oxum levou pro rio

E nasceu Logunedé!

Sua natureza é da Lua

Na lua Oxóssi é Odé Odé-Odé, Odé-Odé

Rei de Keto Caboclo da mata Odé-Odé

Quinta-feira é seu ossé

Axoxó, feijão preto, camarão, amendoim

Azul e verde, suas cores

Calça branca rendada

Saia curta estampada

Ojá e couraça prateada

Na mão ofá, iluquerê

Okê okê, okê arô, okê

A jurema é a árvore sagrada

Okê arô, Oxóssi, okê okê

Na Bahia é São Jorge

No Rio, São Sebastião

Oxóssi é quem manda

Na banda do meu coração”

Okê Arô Oxóssi! Salve Oxóssi, o Rei das Matas!

Maria Letícia Marques – Colunista voluntária da . Este artigo não representa a opinião da Revista e é de responsabilidade da autora. Foto: São Sebastiao e Orixá Oxóssi – Ilustração: Orádia Porciúncula. Guardião Oxóssi.

SALVE, OXÓSSI, DIVINDADE DA FLORESTA!
Foto: Brasil Escola

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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