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“Brasil vive um período intenso de luta de classes”, diz líder do MST

“Brasil vive um período intenso de luta de classes”, diz líder do MST

João Pedro Stédile defende projeto de lei contra Fake News e aponta personagem imperialista na discussão em podcast do Brasil de Fato

Por Bárbara Luz/Portal Vermelho

João Pedro Stédile, liderança do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), afirmou “que o Brasil vive um período intenso de luta de classes“ durante episódio de estreia da terceira temporada do podcast Três por Quatro, produzido pelo Brasil de Fato.

Stédile acredita que o tema está presente em diversas frentes da política brasileira, inclusive no projeto de lei das Fake News, que, segundo ele, é um “componente em defesa da democracia e anti-imperialismo.”

O projeto de lei, oficialmente conhecido como PL 2630/2020, estabelece a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet e traça medidas para combater a disseminação de conteúdo falso nas redes sociais.

Ao programa, Stédile delata o caráter imperialista da discussão, afirmando que os EUA estão usando as bigtechs em todo o mundo para derrotar possíveis inimigos em ofensivas políticas e militares. O líder do MST defende que é fundamental aprovar uma lei brasileira para proteger a „para democracia do nosso país e para a nossa saúde mental”.

O projeto está parado na Câmara dos Deputados desde 2020 e, mesmo tendo voltado brevemente à pauta na terça-feira (2), o relator Orlando Silva (PCdoB-SP), deputado federal, pediu o adiamento da votação citando a necessidade de produzir o melhor texto possível.

O podcast também contou com a advogada Flávia Lefèvre, especialista em telecomunicações, direito do consumidor e direitos digitais. Ela explicou que a disputa pelo PL 2630 é entre o Governo Federal e grandes empresas de tecnologia como Google, Meta (dona do Facebook, Instagram e WhatsApp), Twitter e TikTok. Segundo Lefèvre, a lei visa estabelecer transparência e equilíbrio na relação entre quem utiliza os serviços prestados na internet. Ela enfatizou que essas empresas são prestadoras de serviços, “que na maioria delas, as mais poderosas, hoje são estadunidenses, ligadas a interesses muito claros, bastante afinados com a direita e com a ultradireita.”

O Três por Quatro recebeu também o deputado federal, João Daniel (PT), que confirmou a presença de lobistas das principais plataformas em todos os cantos do Congresso Nacional, tentando influenciar a votação do texto. Ele observou que os setores de direita e conservadores, que também venceram a eleição, estiveram fortemente envolvidos na questão. „“Todos os gabinetes, todos os plenários e em todos corredores da Câmara e do Senado lotados.“

O podcast discutiu ainda a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST, com o suposto objetivo de investigar as ocupações de terras do movimento, bem como seus objetivos e fontes de financiamento. “Eles tomam várias medidas para atender aos interesses do capital”, comenta Stédile. O líder do MST relembrou notícias recentes envolvendo denúncias de trabalho escravo, crimes ambientais e denúncias envolvendo agrotóxicos. “Eles vieram para atacar, para esconder os crimes do latifúndio”, argumenta. João Daniel afirmou que “é uma ofensiva forçar o governo a recuar na implementação de políticas”.

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com informações do Brasil de Fato

Fonte: Bárbara Luz/Portal Vermelho Capa: Alina Duarte


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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