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Doris Monteiro e Leny Andrade: duas estrelas da MPB

Doris Monteiro e Leny Andrade: duas estrelas da MPB

Donas de algumas das vozes mais impactantes da MPB no século 20, Dóris Monteiro e Leny Andrade morrem no mesmo dia, no Rio de Janeiro, e foram veladas juntas. Eram cantoras ecléticas, da bossa nova ao jazz

Por Revista Focus Brasil

A está de luto desde a última segunda-feira, 24, por conta das mortes das cantoras Leny Andrade, aos 80 anos, e Dóris Monteiro, aos 88. As duas foram vozes femininas potentes surgidas no final dos anos 50 e início dos anos 60, marcando a cena musical brasileira por conta do surgimento da bossa nova e deram grande contribuição para a MPB. As duas eram muito amigas.

Leny Andrade deixou uma lista de interpretações marcantes, dando toques jazzísticos a obras de grandes nomes do cancioneiro nacional. Doris Monteiro foi uma das precursoras da bossa nova, com um canto baseado em divisões rítmicas inovadoras. Leny e Dóris morreram no Rio de Janeiro.

Leny faleceu em decorrências de complicações após uma pneumonia. A cantora era considerada a diva do jazz brasileiro, mas foi também uma grande referência para a bossa nova, para o samba-jazz e para a MPB.

Já Dóris Monteiro morreu de causas naturais. ela era considerada uma das mais expressivas intérpretes da transição do samba-canção para a bossa nova no final dos anos 50. E gravou diversos autores da MPB, como Wilson Batista, Tom Jobim, Dolores Duran, Antônio , Vinícius de Moraes, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli e Carlos Lyra.

Leny Andrade começou a carreira profissional em 1958, atuando como crooner da orquestra de Permínio Gonçalves, no Rio de Janeiro. Nas décadas de 1980 e 1990, dividiu-se entre o e os , onde gravou vários discos de samba-jazz, dentre os quais o clássico “Luz Neon”. Ela gravou 34 álbuns lançados 1961 e 2018, com destaque para “A sensação” (1961) e “Estamos aí” (1965). Leny sempre gravou canções de autores brasileiros e cantava português dentro e fora do país. Em 2007, dividiu um Grammy Latino com César Camargo Mariano para Melhor Álbum MPB ao Vivo.

Já Dóris Monteiro se consagrou como uma das maiores vozes femininas do Brasil. Nascida e criada no bairro de Copacabana, no Rio, foi contratada para cantar no hotel mais luxuoso da cidade: o Copacabana Palace em 1951. Seu primeiro álbum é deste mesmo ano e tinha um dos seus grandes sucessos: “Se você se importasse”. Foram 58 discos gravados ao longo de 70 anos de carreira.

Ela chegou a ser “Rainha do Rádio” em 1956. A suavidade de sua voz levou-a para a companhia dos futuros nomes da bossa-nova. João Gilberto, Tom Jobim e Vinicius de Moraes foram amigos e parceiros de trabalho. Nessa época, passou a ser chamada de ‘diva do sambalanço'. Foi a primeira gravar “Samba de verão”, em 1964.

Beneficiada pela revolução da bossa nova, gênero que abriu os ouvidos do Brasil para intérpretes de vozes menos potentes e nem por isso menos expressivas, Doris Monteiro começou a fazer discos mais modernos na gravadora Philips, na qual permaneceu de 1961 a 1965, legando álbuns como “Gostoso é sambar” (1963).

O auge artístico da cantora veio com os 13 álbuns editados entre 1966 e 1978 por outra gravadora, a Odeon. Esses discos são considerados por críticos como “o suprassumo” da obra fonográfica da artista. Nos anos 1950, Doris seguira pelas trilhas abertas pelos cantores Dick Farney (1921-1987) e Lúcio Alves (1927-1993, enquanto abria caminho para o chamado “canto cool”  de cantoras como Sylvia Telles (1935-1966) e Nara Leão (1942-1989).

Amigos e familiares das duas cantoras prestaram suas últimas homenagens no Theatro Municipal do Rio. Ambas foram veladas juntas e receberam aplausos e homenagens. Entre os amigos das artistas, Eliana Pittman e Lucinha Lins estiveram na cerimônia. 

Conhecida como diva do jazz brasileiro, Leny morreu aos 80 anos, vítima de uma pneumonia e broncopatia inflamatória. Após a cerimônia, o corpo da artista, que estava internada no Hospital de Clínicas de Jacarepaguá desde junho, seguirá para o Memorial do Carmo, no Caju, onde será velado das 14h às 16h. Dóris teve seu corpo cremado no Catumbi e Leny foi enterrada no Memorial do Carmo, no Cemitério do Caju. 

Fonte: Focus Brasil Capa: Reprodução/Instagram


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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