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Bolsonaristas fracassam na CPI do MST.

Bolsonaristas fracassam na CPI do MST e anunciam fim da linha para a farsa

Ministro do STF suspendeu depoimento e presidente do colegiado anunciou que a CPI só voltará a ser reunir para votar relatório

Por Iram Alfaia/Portal Vermelho

Última trincheira dos bolsonaristas na Câmara dos Deputados, a CPI do MST fracassou no propósito de criminalizar as ações de um dos mais importantes movimentos sociais do país.

Depois do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspender os depoimentos mercados para a sessão desta segunda-feira (4), o presidente do colegiado, deputado Coronel Zucco (Republicanos-RS) jogou de vez a toalha.

Ele disse que o colegiado só voltará a se reunir para votar o relatório final do deputado Ricardo Salles (PL-SP), previsto para o dia 14 deste mês.

Para fúria do presidente e relator, Barroso considerou que o colegiado ultrapassou sua competência ao convocar gestores do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas.

A resposta veio por meio da Secretaria da CPI: “Por determinação do Presidente, Deputado Zucco, informo que tendo em vista as recentes medidas regimentais e judiciais que inviabilizaram a continuidade das ações, depoimentos, quebras de sigilo e outras providências necessárias ao esclarecimento dos fatos relacionados à indústria de invasões de terras no , esta Presidência informa aos Senhores e Senhoras Parlamentares integrantes desta Comissão Parlamentar de Inquérito que não haverá nenhuma outra reunião ou audiência até a oportuna apreciação do relatório final.”

A Daina Santos (PCdoB-RS) considerou uma “grande vitória” a derrota dos bolsonaristas no colegiado.

“Aquilo que questionávamos e denunciávamos como um ataque aos movimentos sociais e ao MST, agora fica muito evidente a partir do momento em que o presidente retira e cancela as últimas sessões”, disse a deputada.

Na avaliação dela, a dificuldade deles é pelo fato de não haver objeto definido. “Nós tivemos aí muitos e muitos depoimentos que não foram de forma alguma utilizados porque não conseguem se sustentar. O MST é um grande produtor de orgânico e da agricultura familiar”, defendeu.

Daiana disse que continuará atuante e atenta diante do relatório que está por vir. “Sem dú alguma vamos seguir nessas bases, trazendo a verdade como parte da nossa atuação, seguindo e acompanhando, porque aonde há luta existe a bancada do PCdoB”, afirmou.

“Lógico, a gente avisou que essa CPI estava fadada ao fracasso. Cometeram abusos e ilegalidades regimentais e jurídicas e achavam que ia ficar por isso mesmo. Acabou o palco para os bolsonaristas mentirem ao vivo”, afirmou a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR).

A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) considerou mais uma derrota para Zuco e Salles.

“Agora é reta finalíssima. Dia 14 é o último dia. Bolsonaristas insistem, mas não têm força para prorrogar a comissão nem para aprovar o relatório. Vamos enterrar de vez essa CPI!”, postou a deputada na sua rede social.

Vice-líder do governo na Câmara, a deputada Adriana Accorsi (PT-GO) criticou a fala do presidente da CPI que determinou o fim das atividades dizendo que “os trabalhos foram inviabilizados”.

“Todo sabia que a tentativa de criminalizar o MST ia fracassar e que eles estavam lá para promover mentiras. Não colou! MST é gigante!”, disse a líder.

Fonte: Portal Vermelho Capa: Richard /PCdoB na Câmara

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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