Prepara-se! Vai começar a batalha pela taxação dos super-ricos

Prepara-se! Vai começar a batalha pela taxação dos super-ricos

Na 25ª Conferência Nacional realizada no início de agosto em São Paulo, os bancários incluíram entre as principais bandeiras de desse próximo período a participação ativa na campanha pela aprovação da reforma tributária com taxação progressiva, que faça os super-ricos pagarem impostos e promova isenção maior para os e os mais pobres. E dessa forma promover a distribuição de e o econômico e social. 

Por Cleiton dos Santos

Essa segunda fase da reforma tributária será a próxima grande batalha a ser travada no , depois que o Senado terminar de votar a primeira etapa da reforma, que simplifica os tributos, substituindo vários deles pelo IVA (Imposto sobre Valor Agregado), e acaba com a fiscal entre os Estados.

A enorme distorção do sistema tributário brasileiro, que faz os pobres pagarem mais impostos que os ricos, é uma das causas da vergonhosa concentração de riqueza, que torna o Brasil um dos países mais desiguais do planeta. Estamos na contramão do

Enquanto a média de tributos sobre patrimônio e renda dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) chega a 39,6%, no Brasil é de apenas 22,7%. Do lado inverso, os impostos sobre o consumo, que recaem sobre os mais pobres, respondem por 32,4% na OCDE e 49,7% no Brasil.

Ecoando as reivindicações dos bancários e das centrais sindicais, no final de agosto o governo enviou ao Congresso Nacional Medida Provisória propondo taxar os chamados fundos exclusivos e as offshores ( de residentes brasileiros no exterior), como parte da segunda fase da reforma tributária.

Os fundos exclusivos são destinados a apenas 2.600 super-ricos brasileiros, ou 0,001% da população, segundo dados do Ministério da Fazenda. O valor mínimo de investimento desses fundos é de R$ 10 milhões, mas a média chega a R$ 300 milhões por investidor. O que significa que os fundos exclusivos detêm mais de R$ 800 bilhões. E o inadmissível é que eles são isentos de impostos.

Ao contrário dos fundos comuns de investimentos do mercado, que pagam entre 15% e 20% de imposto sobre os rendimentos a cada semestre (os chamados “come-cotas”), os fundos exclusivos estão livres dessa tributação. E tampouco são taxados no resgate, porque as brechas legais permitem arranjos em que o cotista pode repassar os investimentos a herdeiros, sem qualquer pagamento tributário.

A proposta do governo federal é que os fundos exclusivos passem a pagar os mesmos impostos (“come-cotas”) que os outros fundos do mercado. E calcula arrecadar dessa forma R$ 24 bilhões nos próximos quatro anos, o equivalente a um terço dos investimentos previstos no programa Minha Casa Minha Vida, que planeja construir 2 milhões de moradias até 2026.

Já os fundos offshore são os investimentos feitos por brasileiros em paraísos fiscais no exterior. Quando querem trazer o dinheiro de volta ao Brasil, esses investidores também usam brechas fiscais que garantem a isenção de impostos. Com a tributação desses recursos, o governo espera arrecadar mais de R$ 20 bilhões entre 2024 e 2026, para financiar a política de valorização do salário mínimo e bancar as perdas de arrecadação com o aumento progressivo da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil.

Mas esses poderosos bilionários já estão em uma campanha feroz para impedir que o Congresso Nacional aprove essas medidas provisórias. Eles e seus porta-vozes fazem terrorismo na mídia, defendendo a velha tese de que a taxação das grandes fortunas vai tirar investimentos no Brasil. E estão fazendo um jogo pesado de pressão sobre os parlamentares para que derrubem os projetos.

Por isso os bancários, junto com os trabalhadores de outras categorias, vão às ruas fazer essa disputa política para convencer a sociedade e o Congresso Nacional de que é preciso acabar com esse privilégio inaceitável e aprovar a taxação dos super-ricos. Para ajudar a financiar os programas sociais, a , a educação, a elevação do salário mínimo e a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil. 

Convidamos você a aderir a essa luta.

cleitonCleiton dos Santos Silva – presidente da Federação dos Bancários do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN). Foto: divulgação.

 
 
 
 
 
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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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