Trabalho: redução da jornada e fim da jornada 6×1

: redução da jornada e fim da jornada 6×1

Redução da jornada para 40 horas semanais vai virar mais de 3 milhões de novos postos de trabalho. Uma subsequente redução para 36 horas geraria aproximadamente 6 milhões.

Por Ana Paula Brito/Portal Vermelho

A das trabalhadoras e dos pela redução da jornada de trabalho não é uma luta recente. Historicamente, a classe trabalhadora tem que lutar contra jornadas excessivas e exaustivas para conquistar direitos e qualidade de vida.

Desde a Industrial, no século 18, o do trabalho sofreu inúmeras transformações, mas a luta pela redução da jornada sem redução de salário seguiu em pauta.  Na época da Revolução Industrial, a jornada diária de trabalho costumava ser de até 16 horas com apenas 30 minutos de pausa para o almoço, inclusive para mulheres e . Tal jornada excessiva levava à fadiga extrema, o que aumentava o risco de acidentes no local de trabalho, gerando lesões musculares, deformidades ósseas, estresse e desgaste psicológico.

luta pela redução da jornada de trabalho sem redução de salário é uma pauta que unifica as centrais sindicais. Hoje, convivemos com uma jornada de 44 horas semanais no Brasil, com oito horas diária. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a redução da jornada para 40 horas semanais vai virar mais de 3 milhões de novos postos de trabalho e, uma subsequente redução para 36 horas geraria aproximadamente 6 milhões de empregos. Enquanto alguns países avançam para jornadas 4×3, onde trabalhadores trabalham quatro dias e folgam três, aqui o fim da escala 6×1 vai passar por um grande que precisa de apoio de parlamentares do .

É importante frisar que a Convenção 47 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) recomenda a jornada de 40 horas semanais e aponta estudos científicos que comprovam que qualquer trabalho acima disso traz problemas para saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras. Isso pode ser comprovado com as mudanças na jornada sofridas pelos trabalhadores metalúrgicos da CSN, em Volta Redonda, que tiveram sua jornada de seis horas elevada para oito horas, sem aumento de salário – e viram sua qualidade de vida e condições de trabalho desde então piorarem, com aumento de acidentes e até de no ambiente de trabalho. Neste ano, já foram três óbitos por acidentes de trabalho na CSN, por exemplo.

Para além da carga horária, é preciso também dar um fim na jornada 6×1 que impacta a vida dos trabalhadores e trabalhadoras comerciários, farmacêuticos e do setor de serviços como um todo. São trabalhadores e trabalhadoras que recebem salários baixos e tem apenas um dia na semana para seu lazer e para cuidar da casa, conviver com seus filhos e, se sobrar , descansar. Essa situação levou ao surgimento do movimento espontâneo em defesa fim da jornada 6×1, ao qual as centrais sindicais precisam somar forças.

O fim da escala 6×1 não pode representar a adoção de uma jornada 5×2 com cargas horárias de dez horas ou mais por dia para trabalhadores e trabalhadoras. Ele precisa vir para melhorar a vida das pessoas, reduzindo a jornada de trabalho total, sem redução de salários, para gerar mais emprego e se converter também em elevação da qualidade de vida para a classe trabalhadora.

Precisamos dar um fim a toda lógica de trabalho que não garante a trabalhadores e trabalhadoras tempo de descanso, estudo e convívio social. Não podemos compactuar com uma lógica em que a atividade laboral ocupa quase toda vida do ser humano, deixando pouco tempo para convivência familiar, para cuidados com a saúde e para atividades de cultura e lazer.

Não queremos viver apenas para trabalhar! O fim da jornada 6×1 é um passo importante para construção de uma sociedade mais justa e digna para trabalhadores e trabalhadoras, mas não pode vir só. É preciso que ele não represente um aumento de jornada para os trabalhadores e também não reduza salários. Somente com o fim da jornada 6×1, sem aumento de jornada diária e sem redução salarial, avançaremos na melhoria das condições para os trabalhadores e trabalhadoras! Ana Paula Brito

A luta das trabalhadoras e dos trabalhadores pela redução da jornada de trabalho não é uma luta recente. Historicamente, a classe trabalhadora tem que lutar contra jornadas excessivas e exaustivas para conquistar direitos e qualidade de vida.

Desde a Revolução Industrial, no século 18, o mundo do trabalho sofreu inúmeras transformações, mas a luta pela redução da jornada sem redução de salário seguiu em pauta.  Na época da Revolução Industrial, a jornada diária de trabalho costumava ser de até 16 horas com apenas 30 minutos de pausa para o almoço, inclusive para mulheres e crianças. Tal jornada excessiva levava à fadiga extrema, o que aumentava o risco de acidentes no local de trabalho, gerando lesões musculares, deformidades ósseas, estresse e desgaste psicológico.

A luta pela redução da jornada de trabalho sem redução de salário é uma pauta que unifica as centrais sindicais. Hoje, convivemos com uma jornada de 44 horas semanais no Brasil, com oito horas diária. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a redução da jornada para 40 horas semanais vai virar mais de 3 milhões de novos postos de trabalho. Uma subsequente redução para 36 horas geraria aproximadamente 6 milhões de empregos. Enquanto alguns países avançam para jornadas 4×3, onde trabalhadores trabalham quatro dias e folgam três, aqui o fim da escala 6×1 vai passar por um grande debate que precisa de apoio de parlamentares do Congresso Nacional.

É importante frisar que a Convenção 47 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) recomenda a jornada de 40 horas semanais e aponta estudos científicos que comprovam que qualquer trabalho acima disso traz problemas para saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras. Isso pode ser comprovado com as mudanças na jornada sofridas pelos trabalhadores metalúrgicos da CSN, em Volta Redonda, que tiveram sua jornada de seis horas elevada para oito horas, sem aumento de salário – e viram sua qualidade de vida e condições de trabalho desde então piorarem, com aumento de acidentes e até de mortes no ambiente de trabalho. Neste ano, já foram três óbitos por acidentes de trabalho na CSN, por exemplo.

Para além da carga horária, é preciso também dar um fim na jornada 6×1 que impacta a vida dos trabalhadores e trabalhadoras comerciários, farmacêuticos e do setor de serviços como um todo. São trabalhadores e trabalhadoras que recebem salários baixos e tem apenas um dia na semana para seu lazer e para cuidar da casa, conviver com seus filhos e, se sobrar tempo, descansar. Essa situação levou ao surgimento do movimento espontâneo em defesa fim da jornada 6×1, ao qual as centrais sindicais precisam somar forças.

O fim da escala 6×1 não pode representar a adoção de uma jornada 5×2 com cargas horárias de dez horas ou mais por dia para trabalhadores e trabalhadoras. Ele precisa vir para melhorar a vida das pessoas, reduzindo a jornada de trabalho total, sem redução de salários, para gerar mais emprego e se converter também em elevação da qualidade de vida para a classe trabalhadora.

Precisamos dar um fim a toda lógica de trabalho que não garante a trabalhadores e trabalhadoras tempo de descanso, estudo e convívio social. Não podemos compactuar com uma lógica em que a atividade laboral ocupa quase toda vida do ser humano, deixando pouco tempo para convivência familiar, para cuidados com a saúde e para atividades de cultura e lazer.

Não queremos viver apenas para trabalhar! O fim da jornada 6×1 é um passo importante para construção de uma sociedade mais justa e digna para trabalhadores e trabalhadoras, mas não pode vir só. É preciso que ele não represente um aumento de jornada para os trabalhadores e também não reduza salários. Somente com o fim da jornada 6×1, sem aumento de jornada diária e sem redução salarial, avançaremos na melhoria das condições para os trabalhadores e trabalhadoras!

Fonte: Portal Vermelho Capa: Reprodução


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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