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Sonhos destruídos: entenda o impacto da Braskem para mais de 55 mil moradores de Maceió

Sonhos destruídos: entenda o impacto da Braskem para mais de 55 mil moradores de Maceió

Com remoção das famílias e desocupação das casas, a região virou uma grande cidade fantasma com casas em ruínas, rachaduras nos imóveis, fendas nas ruas, afundamentos de solo e crateras.

Por Redação/Mídia Ninja

O maior desastre ambiental urbano em curso no mundo completou cinco anos em março de 2023 e segue fazendo mais vítimas. Maceió enfrenta o afundamento do solo e tremores. Os bairros de Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol são os mais atingidos. Mais de 55 mil pessoas foram forçadas a abandonarem suas casas na capital alagoana.

Com remoção das famílias e desocupação das casas, a região virou uma grande cidade fantasma, com casas em ruínas, rachaduras nos imóveis, fendas nas ruas, afundamentos de solo e crateras.

O evento catastrófico, causado pelo deslocamento do subsolo devido à extração de sal-gema pela Braskem, impacta uma área equivalente a 20% da capital alagoana sem nenhuma solução definitiva para a maior parte dos moradores desalojados.

A extração de sal-gema na região da Lagoa Mundaú, em Maceió, acontece desde a década de 1970. Até a liberação do laudo pela SGB/CPRM, havia 35 poços de extração em área urbana. Os poços estavam pressurizados e vedados, no entanto, a instabilidade das crateras causou os danos ao solo, visíveis na superfície.

Os cientistas envolvidos nos estudos afirmam que o tremor de terra ocorrido em março de 2018 se deu em razão do desmoronamento de uma dessas minas. De acordo com as pesquisas, aquele não foi o único tremor, pois os laudos apontam a existência de outras minas deformadas e desmoronadas.

Na última semana um novo alerta reascendeu a visibilidade para o caso. A Defesa Civil de Maceió alerta para a velocidade de afundamento da mina 18, situada abaixo do antigo campo de treinamento do clube de futebol CSA, no bairro do Mutange, sendo de 2,6 centímetros por hora, representando um risco iminente de colapso. A área de cratera pode ser igual a do estádio Maracanã, no Rio de Janeiro.

Enquanto alguns moradores, de bairros de classe média, foram indenizados e realocados, outros de comunidades periféricas e vulnerabilizadas seguem lutando por seus direitos a indenização justa. Durante a noite da última quinta-feira a Defesa Civil bateu nas casas de dezenas de moradores exigindo a saída imediata para abrigos provisórios. Os atingidos se recusam a sair sem que haja a garantia de uma indenização justa.

Fonte: Mídia Ninja. Foto de capa: Zazo.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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