“O VISCONDE QUE PASSOU POR FORMOSA”
Já tem dias que quero comentar sobre “O Visconde que passou por Formosa”, uma lindeza de livro que recebi, autografado, do historiador, professor da UEG-Campus Nordeste, e escritor com cinco livros e vários artigos publicados, Fábio Santa Cruz.
Por Zezé Weiss
O livro resume o perfil de Francisco Adolfo de Varnhagem, cidadão nascido em Sorocaba (SP), cientista brasileiro, estudioso da história do Brasil que, em 1832, abandonou o campo das pesquisas para lutar na guerra civil que teve início em Portugal.
Conta sobre a jornada de Varnhagem pela diplomacia e pela escrita, tendo produzido mais de 15 livros, incluindo a coletânea “História Geral do Brasil”, com o primeiro livro publicado em 1854 e o segundo em 1857.
Entretanto, o caju do campo do livro de Santa Cruz está na descrição da viagem do visconde ao Planalto Central, no ano de 1877, para “analisar a região onde poderia ser construída a nova capital do Brasil”.
Segundo o relato de Santa Cruz, Varnhagem “viajou de trem para Uberaba. Daí por diante, seguiu a cavalo e com muitas mulas carregando diversos objetos. A viagem era desgastante e cansativa. Varnhagem já tinha mais de 60 anos, mas foi até o fim. Nada o fez desistir”.
Da Vila de Formosa da Imperatriz onde, segundo Santa Cruz, se hospedou por 15 dias, satisfeito, o visconde escreveu uma carta para o Rio de Janeiro, endereçada ao ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, Tomás José Coelho de Almeida, em 29 de julho de 1877. Dois trechos desta “Carta de Formosa” também estão no livro:
Refiro-me à bela região situada no triângulo formado pelas três lagoas, Formosa, Feia e Mestre D´Armas, com chapadões elevados mais de mil e cem metros, sobre o mar, como nela requer para a melhoria do clima a menor latitude, com algumas terras mais altas do lado norte, que não só a protegem dos ventos menos frescos desse lado, como lhe oferecerão indispensáveis mananciais.
(…)uma paragem de importância desta, que, pela bondade de seu clima e sua fertilidade, recomendaria no estrangeiro o Brasil todo, que pela sua posição favoreceria notavelmente o desenvolvimento do comércio interno de todas as províncias, e que (quando viesse a ser a sede do governo) afiançaria nos séculos futuros a segurança e unidade do Império, parece-me que é digna de merecer desde já a devida atenção dos poderes públicos do Estado, fazendo convergir para ela todas as comunicações, começando pela continuação da estrada Pedro 2º, levando-a talvez de preferência pelo Paraopeba, Rio de S. Francisco e Urucuia, cujas cabeceiras se acham muito perto desta vila.
Delícia de leitura. Escreve mais, professor!
Zezé Weiss – Jornalista. Editora da Revista Xapuri.