ALGUNS ELEMENTOS DA ECOLOGIA CERRATENSE

ALGUNS ELEMENTOS DA ECOLOGIA CERRATENSE

ALGUNS ELEMENTOS DA ECOLOGIA CERRATENSE

A área contínua dos cerrados inclui praticamente os estados Goiás e Tocantins, oeste e norte de Minas Gerais e da Bahia, leste e sul do estado de Mato Grosso, a totalidade do estado de Mato Grosso do Sul, e sul dos estados do Maranhão e do Piauí.

Por Altair Sales Barbosa

Dessa área contínua e maciça, há finas ramificações que penetram em Rondônia, Sul do Pará e São Paulo. As áreas disjuntas dos cerrados em outros tipos de vegetação, de tamanhos variados, ocorrem em diferentes partes do Brasil, notadamente no Nordeste, em São Paulo, no Paraná e na Amazônia.

O que caracteriza essa área é a alternância de formas topográficas representadas pelos relevos planálticos, morros de altura variada e depressões estreitas ou mais amplas.

Dependendo da espessura e da composição dos solos, as fisionomias dos cerrados e de outros tipos de vegetação podem estar nitidamente separadas ou podem confundir-se em contatos pouco nítidos.

Mesmo quando o Cerrado recobre grandes chapadas e chapadões tabulares, sua homogeneidade é quebrada com frequência por vales, tantos os estreitos e profundos como os amplos e os rasos nos quais, pelo afloramento do lençol d’água, ou pela mudança dos componentes minerais e orgânicos dos solos, somados a uma maior proteção contra o fogo, a vegetação modifica-se inteiramente, ora para o tipo florestal, ora para os campos limpos com buritis, constituindo esses últimos as paisagens das veredas.

Ao se estudar a ecologia dos cerrados, observa-se que uma das características mais marcantes da sua biocenose é a dependência de alguns de seus componentes dos ecossistemas vizinhos. Muitos de seus animais têm seu nicho distribuído entre o subsistema do Cerrado propriamente dito e o subsistema das matas. Podem, por exemplo, passar grande parte do dia no Cerrado e abrigar-se, à noite, nas matas e vice-versa.

Os tipos de vegetação que recobrem a grande área do Pantanal de Mato Grosso têm sido considerados sob a designação de Complexo do Pantanal. Essa expressão, embora registrada por um bom número de pesquisadores e consagrada na literatura científica, não deve ser mantida quando se referir ao mapeamento 1:1.000.000 e maiores, o que na verdade se observa nessa extensa planície é a influência topográfica em função das enchentes periódicas.

Maior ou menor tempo de permanência da água, superficial e subsuperficial, está inteiramente dependente das feições topogeográficas do solo. Variações de apenas alguns centímetros podem definir a ocorrência de matas, campos limpos, carandazais, campos permanentemente inundados etc.

altair salesAltair Sales Barbosa Manter a qualificação habitual e acrescentar a fonte. Excerto do livro Cerrado – a constelação do meio-dia, Instituto Altair Sales, 2022.

 

 

Cerrado Agencia Brasil EBC

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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