FILHA E FILHOS

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FILHA E FILHOS

Toda vez que falo do meu pai é um reencontro com as minhas raízes. E gera o orgulho de ter vindo de um homem tão inspirador. Athos Pereira veio de origem humilde, soube superar todos os desafios que uma vida contestadora poderia oferecer e nunca desistiu de viver em um país melhor. Lutou até o fim para ver um Brasil mais justo e solidário. Apesar de não ter visto em vida o seu sonho se concretizar, tenhamos a certeza de que ele semeou em muitos corações a vontade de lutar por esse país que tanto ansiou, o qual surgirá com a luta coletiva de todos nós. Te amo, pai. 

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 Joaquim Lemus Pereira, casado com Eliane, pai de Valentina filhos

Querido pai, sempre o terei em minha memória com gratidão e amor. O senhor foi para mim muito mais que um pai; foi fonte de inspiração. Sua história e suas lições sobre valores políticos e culturais construíram meu entendimento de mundo e me ensinaram sobre a importância de lutar pelo que é justo. Sua necessidade de obter o máximo de conhecimento possível por sua própria iniciativa, sem cobrança de nenhuma espécie, apenas por vontade pessoal de aprender, foi uma das maiores heranças que me deixou, a compreensão de que o conhecimento é o caminho para a liberdade e para as mudanças. Entretanto, o maior exemplo que o senhor me deu foi a prática constante da solidariedade. Seu exemplo de humanidade, empatia e compaixão é algo que carrego comigo a cada dia e que continuará a orientar minhas escolhas. Mesmo após sua despedida, seu legado estará vivo, dentro de mim e de seu querido Rodrigo, seu neto, em cada ação, em cada palavra e em cada gesto de cuidado que cultivaremos em nossas vidas. O senhor sempre será para mim uma fonte de inspiração, um exemplo que levarei comigo até o fim. filhos

 Pedro Lemus Pereira, casado com Vanessa, pai de Rodrigo filhosfilhos

Pai, sempre vamos nos recordar com carinho das histórias e memórias que o senhor nos deixou como herança. O carinho por Porto Nacional, as brincadeiras no Rio Tocantins, a paixão pelo Botafogo e a busca incansável por conhecimento ficarão para sempre em nossos corações. Tenha certeza de que os seus netos levarão as melhores memórias afetivas do Vovô Athos. A saudade aperta, mas ficamos tranquilos em saber que você está em paz.

 Maria Lemus Pereira Ribeiro, casada com Igor, mãe de João Vitor e Clarice

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“AMO-TE TANTO, MEU AMOR...”

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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