Preta GIl

PRETA GIL MORRE APÓS LONGA BATALHA CONTRA O CÂNCER

Preta Gil morre após longa batalha contra o câncer

Desde maio estava em solo norte-americano, onde buscava novo tratamento com terapias experimentais

Por Mídia Ninja

A cantora, apresentadora e empresária Preta Gil faleceu neste domingo, 20 de julho de 2025, aos 50 anos, em decorrência de complicações causadas por um câncer no intestino. Ela enfrentava a doença desde janeiro de 2023, quando tornou público o diagnóstico e iniciou o tratamento.

Filha de Gilberto Gil e Sandra Gadelha, Preta nasceu no Rio de Janeiro em 8 de agosto de 1974, pouco depois do retorno de seu pai do exílio em Londres, durante a ditadura militar brasileira. Cresceu em meio à arte e à política, como sobrinha de Caetano Veloso e afilhada de Gal Costa.

Preta teve um único filho, Francisco Gil, integrante do grupo Gilsons, ao lado de João e José Gil. Sua trajetória pública foi marcada pelo enfrentamento ao racismo, à gordofobia, e pela defesa dos direitos LGBTQIAPN+. Mulher preta, bissexual, irreverente e potente, Preta usou sua visibilidade para abrir caminhos e acolher outras vozes.

Em 2009, fundou o Bloco da Preta, que se tornou um dos maiores do Carnaval do Rio de Janeiro. A iniciativa cresceu como espaço de celebração, diversidade e afirmação de corpos livres, reunindo multidões no centro da cidade. O bloco extrapolou a música: virou símbolo de resistência, alegria política e orgulho coletivo.

Tratamento
A artista lutava contra um câncer colorretal desde janeiro de 2023 e após um período de melhora, a doença voltou e se espalhou em outros órgãos. Desde maio, Preta estava em solo norte-americano, onde buscava novo tratamento com terapias experimentais. A cantora compartilhou detalhes sobre sua luta contra a doença, envolvendo seus fãs e criando uma grande onda de amor e solidariedade em busca de sua recuperação. Ela ressignificou o câncer não como sentença, mas como parte do caminho e o viveu com coragem, lucidez e sem esconder-se.

Preta Gil foi muito mais que artista: foi símbolo de liberdade, afeto, coragem, luta e pertencimento. Uma presença que seguirá viva em cada canto onde se celebre o direito de existir com alegria e dignidade.

Obrigada, Preta. Você nos ensinou a viver com coragem e esperança.

Foto: Divulgação

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

REVISTA

💚 Apoie a Revista Xapuri

Contribua com qualquer valor e ajude a manter vivo o jornalismo socioambiental independente.

A chave Pix será copiada automaticamente.
Depois é só abrir seu banco, escolher Pix com chave (e-mail), colar a chave e digitar o valor escolhido.