CANELA-DE-EMA: UM TESOURO DO CERRADO BRASILEIRO 

CANELA-DE-EMA: UM TESOURO DO CERRADO BRASILEIRO 

CANELA-DE-EMA: UM TESOURO DO CERRADO BRASILEIRO 

O Cerrado brasileiro, um dos biomas mais ricos e biodiversos do planeta, é o lar de inúmeras plantas que, muitas vezes, passam despercebidas, porém possuem um valor imenso tanto para a natureza quanto para os seres humanos. Entre elas, a Vellozia sp., popularmente conhecida como canela-de-ema, se destaca não apenas por sua beleza e particularidade, mas também pelas suas adaptações e relevância ecológica.

Por Thayná Agnelli

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O gênero Vellozia ocorre também na Serra do Mar, em São Paulo, e em outros países da América do Sul, como Venezuela, Bolívia e Colômbia, porém em populações menores e menos diversas – Foto: Jenifer C. Lopes/Arquivo pessoal

O seu nome popular é uma combinação de duas características da planta. O termo “canela” vem de suas folhas, que têm uma textura áspera e um aroma que lembra o da especiaria, uma das mais conhecidas mundo afora. E por ter caules finos e eretos, o “ema”, por sua vez, faz alusão à ave nativa do Brasil, que também habita áreas do Cerrado.

A canela-de-ema é uma planta com aparência robusta e seu porte imponente faz com que ela seja uma das espécies icônicas do Cerrado. Ela pode atingir até 2 metros de altura, suas flores são pequenas e, geralmente, variam do lilás ao branco.

IMPORTÂNCIA ECOLÓGICA 

A canela-de-ema é uma peça-chave para o ciclo ecológico do Cerrado, além de ser uma fonte de alimento e abrigo para animais nativos, sua floração é crucial, pois oferece néctar para polinizadores como abelhas, insetos e beija-flores. Além disso, a planta contribui para a manutenção da biodiversidade e recuperação da vegetação após os incêndios tão comuns no bioma, já que a espécie é resistente ao fogo.

Ela também é adaptada ao clima e às condições do ambiente em que se encontra. Mesmo em períodos prolongados de seca, a planta é capaz de resistir ao calor intenso, à escassez de água e à possível baixa fertilidade do solo do local de sua ocorrência natural, uma vez que, por ser uma planta lenhosa com sistema radicular profundo, isto é, aquele que liga a planta ao solo, a planta consegue acessar água em camadas escondidas da terra. 

Por outro lado, as suas folhas, por serem longas, rígidas e serrilhadas, são adaptadas para conservar água, reduzindo a perda hídrica por transpiração, outra característica comum em espécies do Cerrado.

A canela-de-ema é um exemplo fascinante de como a natureza se adapta aos desafios impostos pelo ambiente. Com seu aroma característico e suas folhas escamosas, ela não só contribui para a paisagem do Cerrado, mas também tem um papel vital na manutenção do equilíbrio ecológico desse bioma. Dessa forma, a canela-de-ema é a prova viva de que a biodiversidade, quando respeitada, sempre encontra uma forma de prosperar!

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p style=”text-align: justify;”>Thayná Agnelli – Jornalista, com experiência em gestão de redes sociais. Responsável pela criação desta matéria e de outros conteúdos para o Legado Verdes do Cerrado: Legado Verdes do Cerrado. Capa: canela-de-ema (Vellozia sp.) | Legado Verdes do Cerrado.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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