RÚSTICO REFÚGIO
Entre coqueirais que dançam ao vento e o mar que repousa em tons de verde cristalino, está São Miguel dos Milagres, um pedaço intocado do litoral alagoano. Sua rusticidade não é ausência de modernidade, mas presença plena da natureza: ruas de terra, jangadas que cortam silenciosas o horizonte e o som dos pássaros costurando o silêncio. As praias se estendem quase desertas, onde o caminhar não encontra pressa e cada pegada na areia parece um convite à contemplação.
Ali, o homem ainda convive em harmonia com o tempo das marés, a pesca artesanal que sustenta famílias há gerações, e os recifes de corais que protegem a costa feito muralhas vivas. São Miguel dos Milagres não é apenas opção turística, mas refúgio contra a pressa, contra o concreto que sufoca, contra o esquecimento de que somos parte de um todo conectado. refúgio
Sua rusticidade é lição de sustentabilidade, lembrete de que preservar é também respeitar o ritmo natural das coisas, reencontrar-se com a simplicidade essencial: redes armadas à sombra, frutas colhidas na orla, caminhos instigantes. Uma vida que se costura sem excessos, sustentada pela generosidade da terra e do mar. Em tempos de urgência climática, o lugar ecoa como milagre real: o de que ainda há lugares onde a natureza fala mais alto do que as máquinas, e onde o futuro pode ser escrito sem apagar a memória da terra. refúgio

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Antenor Pinheiro – Geógrafo. Membro do Conselho Editorial da Revista Xapuri. refúgio





