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“Vamos à luta,” diz Lula em missa de um ano da morte de Marisa

“Vamos à luta. Recuperamos esse país politicamente, a autoestima do povo. Hoje não se governa, se destrói , não se pensa em soberania, mas em vender patrimônio público. Os trabalhadores que tiveram por 12 anos de massa salarial, que acreditaram ser possível ter casa, , técnica, esses trabalhadores que estão retornando aquilo antes de nós chegarmos.

Agora, querem afundar a Previdência Social, tirar mais dos pobres para aumentar a desigualdade. Mas, mais dias menos dias, o povo pobre vai voltar. Espero que meu tempo de ainda seja longo, se eu chegar aos 90 anos, com a vontade e energia que eu estou, eu serei um contribuinte para a recuperação democrática desse País, para que pessoas mais simples e pobres tenham vez novamente”.

 

Lula missa de Marisa foto AFP Nelson AlmeidaFoto: Nelson Almeida/AFP

Chorando, também disse: “Agradeço à categoria dos metalúrgicos e ao sindicato pelo comprometimento e por ceder o espaço para a missa. Tem muito a ver a da Marisa e a minha com esse sindicato. Foi em 1973 que nos conhecemos e casamos em 1974. Em 1975 assumi a presidência do sindicato em 24 de abril e a Marisa já tinha um filho de menos de dois meses, mas participou ativamente da minha vida nesse sindicato”.

Estes são excertos do  discurso emocionado de Lula na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, ao final da missa de um ano do encantamento de Marisa Letícia Lula da neste sábado, 3. Marisa partiu deste no dia 3 de feveiro de 2017, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), sofrido no dia 24 de janeiro em sua casa em São Bernardo do Campo.

Acompanhado de seus filhos, netos, familiares, amigos, militantes do , de políticos  e dos advogados Cristiano Zanin Martins, e Valeska Teixeira Zanin Martins, Lula ouviu o sermão do bispo o bispo Dom Angélico, sobre política e sobre as injustiças contra Marisa:

“Vivemos agora sob um golpe parlamentarista, digam o que quiser, esta é a verdade, e foi feito para atender aos interesses econômicos de grandes empresários, grandes bancos…E a luta continua, a resistência, pacífica, firme, continua. E a Marisa Letícia foi envolvida em uma verdadeira conspiração e sua não resistiu. Uma das vítimas. Sem dúvida nenhuma. Estive no hospital, no velório e sepultamento e agora nesta santa celebração para dizer que Marisa Letícia continua viva”, disse o bispo.

Emocionado, o público cantou olê, olê, olá, Lula! ao final da missa, antes e depois do discurso do ex-presidente.

mARISA pRESENTE

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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