Procura
Fechar esta caixa de pesquisa.

Suécia fecha prisões, Brasil fecha escolas

Suécia fecha prisões, fecha escolas 

Por Ivan Cosenza

No caminho de casa, quase chegando, passo na frente de uma escola, que agora está fechada.

Antes passava e tinha todo aquele movimento de entrada e saída de alunos. Mas, depois de algum tempo, a escola fechou, e fui vendo, a cada dia, a escola ficar suja, com aspecto de abandonada.

Vieram as pichações, e aos poucos fui vendo que as janelas estavam sumindo, uma a uma, desaparecendo da fachada, deixando tudo exposto. Aí deu pra notar que as divisórias que separavam as salas também estavam sendo levadas. Costumava pensar que era uma representação do que estava sendo feito com a no Brasil, sendo desmontada!

Dava tanta tristeza, pai, que passei a não mais olhar quando passava em frente. Desviava o olhar pra não ver.

Depois de um tempo, um dia, dei uma espiada, e vi que tinha alguma coisa escrita na fachada, mas não consegui ler direito, fiquei na curiosidade de saber o que era, mas já tinha passado.

No dia seguinte passei mais devagar e consegui ver, bem grande, o que tinham escrito: “SUÉCIA FECHA PRISÕES – BRASIL FECHA ESCOLAS”.

Encostei o carro e saí. Fiz questão de tirar uma foto. Uma foto de uma luta, de que captei aquele momento exato de um soco bem no fígado!

Aquela frase mostra como uma coisa tá ligada à outra, diretamente.

A Suécia investiu em escolas e está fechando prisões por falta de presos, e o Brasil fechando escolas, e tendo que construir mais presídios.

Sem educação, tem mais , né?!

Mais violência faz com que as pessoas tenham mais medo e percam a esperança, e isso não pode acontecer!

Seu filho ainda tem esperança de que vamos vencer o medo, pai!

 

Um beijo, Ivan.

 

Ivan Cosenza

Produtor cultural. Presidente do Instituto Henfil. Filho e curador da obra de Henfil. Carta publicada no Blog “As Cartas do Pai.”

fitratelp

Salve! Pra você que chegou até aqui, nossa gratidão! Agradecemos especialmente porque sua parceria fortalece  este nosso veículo de comunicação independente, dedicado a garantir um espaço de Resistência pra quem não tem  vez nem voz neste nosso injusto mundo de diferenças e desigualdades. Você pode apoiar nosso trabalho comprando um produto na nossa Loja Xapuri  ou fazendo uma doação de qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Contamos com você! P.S. Segue nosso WhatsApp: 61 9 99611193, caso você queira falar conosco a qualquer hora, a qualquer dia. GRATIDÃO!

PHOTO 2021 02 03 15 06 15


 E-Book Caminhando na Floresta

Um livro imperdível sobre a experiência do autor na convivência com os do Vale do Acre nos tempos de .

COMPRE AQUI

Capa Caminhando na Floresta 1560x2050 px Amazon 1

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

posts relacionados

REVISTA