Em 22 anos a Humanidade supera limite de 1,5ºC da temperatura global

Em 22 anos a Humanidade supera limite de 1,5ºC da temperatura global

Em 22 anos a supera limite de 1,5ºC da temperatura global

Humanidade estoura limite de 1,5ºC em 22 anos, diz

Por LUCIANA VICÁRIA

Atol de Ebeye nas Ilhas Marshall, uma das regiões que talvez não sobrevivam a um aquecimento maior do que 1,5° Celsius (Foto: NASA)atolebeye

DO OC – Se as emissões de gases de efeito estufa continuarem crescendo nos níveis atuais, restam cerca de 22 anos até que a temperatura global alcance 1,5°C e o aquecimento ultrapasse o limite seguro estabelecido pelo , indica um estudo publicado nesta segunda-feira (18) na revista científica Nature Geoscience.Pesquisadores da de Oxford, que conduziram o estudo, liderados por Nicholas J. Leach, introduziram uma métrica alternativa chamada “escala de adaptação/mitigação”, que considera apenas os orçamentos de carbono para os cálculos de aumento da temperatura e .“A métrica é capaz de fornecer informações valiosas sobre o atual do sistema climático e especificar emissões futuras de CO2, além de indicar o tempo restante para que se atinja determinada temperatura e o momento da estabilização da temperatura do ”, disse Leach. De acordo com ele, se a liberação de gases poluentes se mantiver, atingiremos o 1,5° C de aquecimento entre 2030 e 2049.

A escala de tempo de Leach é aplicável  apenas para alvos climáticos de baixo aquecimento (até 1,5°C), já que em níveis mais elevados (acima de 2°C) podem surgir feedbacks adicionais do ciclo de carbono. Os próprios pesquisadores ponderam que a conta só é válida se os demais gases estufa se mantiverem constantes no . Afinal, mesmo tendo um tempo de mais curto na atmosfera do que o CO2, gases extremamente poluentes como o metano também afetam o nível de aquecimento.

“Além de supor que o padrão de emissão dos demais gases de efeito estufa não muda com o tempo, assume que os sumidouros terrestres e oceânicos [de carbono] permanecem inalterados”, disse Carlos Nobre, climatologista da Academia Brasileira de Ciências. De acordo com ele, a capacidade dos oceanos e dos terrestres de absorver o excesso de carbono lançado no ar pela humanidade dá sinais de que pode declinar antes do que se imaginava. E caso isso se comprove, o tempo para chegar ao aquecimento de 1,5°C seria ainda mais curto.

Fonte: Observatório do Clima

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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