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Açafrão-da-Terra: Cor e sabor que curam

AÇAFRÃO-DA-TERRA: COR E SABOR QUE CURAM

Açafrão-da-Terra: Cor e sabor que curam

“Nenhum outro ingrediente nutricional é tão poderosamente anti-inflamatório como o pó amarelo dessa raiz (…) Age sobre a angiogênese, força as células cancerosas a morrer (pelo processo de suicídio celular chamado apoptose)” David Servan-Schereiber

Por Lúcia Resende

O acréscimo ao nome é pra fazer a distinção do outro açafrão, especiaria cara, muito usada na culinária mediterrânea, embora há muito já seja presença comum em praticamente todo o mundo. A iguaria retirada do pistilo da flor arroxeada, da qual são necessários 100 mil exemplares para extrair 1 kg de pó, por lá chamado de saffron. Mas isso é outro papo.

O que interessa aqui é falar da planta que chegou ao Brasil nas caravelas portuguesas, vinda da Índia, de nome científico Curcuma Longa L., mais conhecida mesmo como açafrão, mas que tem muitos outros nomes: cúrcuma, açafrão-da-índia, açafrão-da-terra, gengibre amarelo ou tumérico. Da planta, a parte usada é a raiz (rizoma), rica em curcumina (3 a 5%) e óleo essencial (3 a 5%), substâncias de cor e sabor muito apreciados e com propriedades medicinais.

A planta tem beleza ímpar, sua folhagem assemelha-se à do lírio (cana-da-índia), e cresce em abundância por aqui, em muitos lugares já de modo espontâneo. Anualmente, antes de perder o viço, exibe a bela inflorescência branca, com rajas arroxeadas e base de um verde amarelado sem igual, anunciando que a colheita está próxima.

Terminada a floração, a folhagem seca, a planta parece morta. É quando a raiz, tirada sempre com o cuidado de deixar partes para nova brotação, vai para as mãos de quem guarda as tradições e, destas, chega às mesas, temperando e colorindo pratos vários, principalmente na porção centro-oeste e nordeste do Brasil.

Depois de retirada da terra, a raiz do açafrão deve ser muito bem lavada, raspada, fatiada e colocada para secar. Para fazer o pó de cor amarelo forte, de sabor característico, a maneira pode variar do pilão antigo ao triturador ou liquidificador, instrumentos incorporados na modernidade, quando pilão já está mais pra objeto de decoração que pra utensílio de cozinha.

Além de conferir cor e sabor aos alimentos, o açafrão tem alto valor medicinal. Antes essas propriedades eram mais conhecidas no Oriente, mas há muito a sabedoria popular ocidental incorporou esses saberes, que nos últimos 50 anos vêm sendo confirmados pela Ciência. Não há dúvida: o açafrão da terra, uma das delícias da nossa culinária, é também planta de cura.

Propriedades medicinais do açafrão

  • Redução dos níveis de colesterol
  • Prevenção de lipidemias, ateroescleroses e tromboembolias
  • Ação antioxidante sobre certos ácidos graxos poli-insaturados
  • Redução do açúcar no sangue
  • Inibição das mutações induzidas por  raios UV
  • Ação anti-inflamatória e anti-infecciosa
  • Atividade antiviral HIV
  • Atividade imunomoduladora
  • Atividade antiparasitária
  • Ação antitumoral e anticâncer – indutor da apoptose celular e inibidor da formação de metástases
  • Prevenção do Mal de Alzheimer (a baixa incidência da doença na Índia é atribuída ao alto consumo da curcumina)

Fonte: PINTÃO, Ana Maria e SILVA, Inês Filipa da. A Verdade sobre  o Açafrão – Instit uto Superior Egas Moniz – Campus Universitário – Quinta da Granja – Monte de Caparica. Caparica, Portugal, 2008.

Como usar o açafrão no tratamento do câncer

O livro Anticâncer recomenda o uso diário de uma a duas colheres de sopa de pó de açafrão com uma pitada de pimenta do reino ou de gengibre para melhor ativar o princípio ativo da raiz. Para facilitar a ingestão, pode-se mesclar com óleo de oliva, xarope de maple, ou mesmo mel (que deve ser usado com moderação).

Obs.: publicado originalmente em13 de out de 2015

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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