Nós seremos o voto de Lula

Nós seremos o voto de Lula

Por Emir Sader

Impedem o Lula até de votar. Com que direito, gente que nunca lutou pela , que vê quieta o Bolsonazi espezinhar o voto das , que atenta diariamente contra a democracia, se acha no direito de impedir o Lula de votar, montado num processo fajuto e na perseguição ao maior líder democrático que o já teve!

Não podem salgar suas terras, porque Lula não tem terras. Não podem cortar sua cabeça, porque há milhões de cabeças de Lula pelo Brasil inteiro. Não podem repartir suas cinzas por um montão de lugares, porque Lula vivo está em um montão de lugares.

Então tiram a do Lula, a voz do Lula, a imagem do Lula, até o voto do Lula. Porque sabem em quem ele votaria, a quem ele vai eleger como presidente do Brasil para fazer o governo pelo qual lutou estes anos todos.

Quem mais direito tem de votar, não poderá votar. Quem mais lutou pelo direito dos brasileiros decidirem pelo seu voto, democraticamente, os destinos do Brasil, não poderá votar. Quem mais honrou o voto dos brasileiros, fazendo o melhor governo que o Brasil já teve, não poderá votar.

Nesse dia, daqui a 3 domingos, vamos votar pelo Lula, vamos pegar o título do Lula e vamos entrar nas centenas de urnas eletrônicas e vamos apertar o 13 do Lula, ver aparecer o candidato do Lula e confirmar. Vamos votar pelo Lula, vamos votar pelo Brasil que ele construiu, vamos eleger o candidato que o Lula escolheu para representá-lo.

Vamos votar pelo Lula e vamos derrotar os que creem que podem ainda humilhar as mulheres brasileiras, as que demoraram para conseguir o direito do voto, mas que o exercerão para decisivamente derrotar quem representa a contra as mulheres.

Vamos votar pelo Lula e vamos derrotar os que romperam com a democracia que nos custou tanto conseguir, nos custou vidas, nos custou sofrimentos. Vamos derrotar os juízes ladrões, que nos roubaram o direito de votar e eleger o Lula de novo Presidente do Brasil.

Vamos votar e vamos derrotar os que forjaram a maior farsa jurídica da do Brasil, montando uma monstruosa perseguição contra quem deveria justamente proteger, que representa legitimamente o povo brasileiro de qualquer tipo de perseguição.

Vamos votar pelo Lula e vamos derrotar os que esbravejam na TV os interesses dos seus patrões, aqueles que apoiaram a ditadura e lucraram como ninguém com ela. Aqueles que cacarejam as inverdades e tiveram que se calar diante da altivez de quem representa o Lula, quem mais os derrotou e que voltará a obrigá-los a dar de novo a notícia da nossa vitória nas próximas .

Vamos votar pelo Lula e derrotar os que tiraram os direitos do povo, os que congelaram as políticas sociais por 20 anos, os que privatizam o pré-sal, os que assaltaram o governo e entregaram o poder nas mãos dos banqueiros. Vamos votar pelo Lula e enxotá-los do Palácio do Planalto e do Jaburu.

Vamos votar pelo Lula, pelas mãos de trabalhador do Lula, pelos sonhos do Lula, pelo Brasil do Lula. Seremos também o voto do Lula, para eleger o Haddad e governar o Brasil com o Lula e com o povo brasileiro.

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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