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Unesco: Atlas mostra seca na América Latina e no Caribe

Atlas da Unesco mostra seca na América Latina e no Caribe

Redação Nossa
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O Lapis, laboratório da UFAL, atuou nos estudos sobre a no Brasil e elaborou um dos capítulos do Atlas

Lançado recentemente, o Atlas de Secas da e do Caribe traz em destaque o da frequência com que os eventos de seca meteorológica impactaram a região. O Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites da Universidade Federal de Alagoas (Lapis/UFAL) atuou como ponto focal responsável pela condução dos estudos sobre a seca no Brasil, tendo elaborado um dos capítulos integrantes do Atlas.

O documento foi coordenado pelo Centro de Zonas Áridas e Semiáridas de América Latina e o Caribe (Cazalac) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a (Unesco). Os pesquisadores mostraram como a seca tem sido um problema comum a todas as regiões brasileiras, sendo o Semiárido onde ocorre a situação mais crônica de escassez hídrica.

No capítulo sobre o Brasil, conduzido pelo Lapis, os pesquisadores analisaram a história das secas no Brasil, identificando e avaliando as respostas apresentadas pelos governos, em termos de políticas e ações de adaptação, de acordo com a severidade de cada evento climático. Essa análise baseou-se na obra Um século de secas: por que as políticas hídricas não transformaram o Semiárido brasileiro?

Além disso, também foram abordados os impactos da seca nos diferentes setores econômicos, a frequência da seca extrema no Brasil e a gestão institucional do risco de desastre por seca no Brasil.

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Plataforma permite avaliar a frequência de secas em diferentes escalas

Projeto contribuirá com gestão das secas

A caracterização da ameaça da seca é um passo importante para permitir sua melhor gestão na Região. O Atlas das Secas da América Latina e do Caribe gera uma referência sobre a frequência do fenômeno. Através da geração de informações climáticas mais sólidas para a tomada de decisões, o documento apoia diretamente o gerenciamento proativo de secas na Região. Além disso, compila as experiências nacionais de dez países (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Honduras, Peru, Uruguai e Venezuela), no que diz respeito aos impactos das secas, à recorrência do fenômeno, mas também às políticas e medidas de adaptação para enfrentar a ameaça.

Os estudos de caso nacionais compreenderam as causas e características dos eventos de seca, incluindo seus processos, a fim de identificar a vulnerabilidade dos meios de subsistência aos perigos da seca.

No documento, os especialistas adotaram uma metodologia inovadora que identifica a variabilidade da redução de chuvas em países da América Latina e do Caribe, permitindo visualizar como essa variabilidade climática difere espacialmente dentro dos países, mesmo em distâncias curtas. Isso é conseguido através da identificação da frequência da seca, que é a probabilidade de ocorrência do fenômeno com uma certa magnitude e duração, em qualquer local, na área de interesse.

Desafios regionais à segurança hídrica

O Atlas também destaca os impactos da seca nos recursos hídricos, analisando a capacidade de resposta aos principais desafios locais, regionais e globais à segurança hídrica.

“Os especialistas destacaram uma contradição evidente na gestão das secas. Apesar de tantos avanços tecnológicos que permitem dispor de novas fontes de água e mais eficiência na sua utilização, como o uso de águas subterrâneas, a dessalinização e uso de água do mar ou a de água, entre outras, a escassez de água continua sendo uma ameaça ao humano. Vários países ainda sofrem com migrações, fome e doenças associadas à escassez temporária de água. Seus sistemas econômicos também são, em muitos casos, fortemente afetados. Isso também pode gerar instabilidade , porque as soluções para esses problemas não são, em muitos casos, suficientes”, destacou o coordenador do Lapis, Humberto Barbosa.

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Metodologia inovadora do Atlas da Seca

A metodologia do Atlas da Seca baseia-se numa abordagem estatística, chamada Análise de Frequência Regional usando momentos L (ARF-LM). O projeto contribuiu para o de um software de código aberto para o cálculo da Análise de Frequência Regional, usando L-moments. Essas ferramentas permitem analisar vários índices climáticos, identificando os modos de variabilidade climática a afetarem uma determinada região de interesse.

O código gerado para desenvolver os mapas do Brasil, usando Análise de Frequência Regional, com base em momentos L (RFA-LM), está disponível no site do Lapis.

A metodologia ARF-LM é a mais apropriada para o estudo de regiões com uma variabilidade interanual significativa e séries de dados de curta duração.

Para cada país, três mapas diferentes foram criados: a frequência de secas é apresentada como um conjunto de mapas, com períodos de retorno associados a intensidades de seca, expressos como déficits de precipitação.

Esse método mostrou-se especialmente relevante em terras secas onde: o número de estações meteorológicas é limitado; os conjuntos de dados são curtos e incompletos; há alta variabilidade na precipitação anual; o clima é frequentemente influenciado por eventos extremos de grande escala, como o El Niño Oscilação Sul (Enos).

Leia no Letras Ambientais: Atlas da Unesco mostra frequência da seca na América Latina e no Caribe

Atlas das Secas da América Latina e do Caribe.

Acesse o site do Lapis.

ANOTE AÍ

Fonte: Nossa Ciência

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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