MULHER DEVOLVE R$ 2 BILLHÕES RECEBIDOS POR ENGANO

Mulher que devolveu R$ 2 bilhões que recebeu por engano se surpreende com repercussão do caso: ‘Achei que era normal’

Ela e marido moram em Anápolis, onde cuidam de trigêmeas e uma adolescente com salário de R$ 1,5 mil. Leizimar Silva diz ainda que crê ser sempre bom compartilhar bons exemplos.

Por: Vanessa Martins – g1 GO

Dias após devolver R$ 2 bilhões que caíram por engano na conta, Leizimar Silva Triers disse que ficou surpresa com a repercussão da história. Moradora de Anápolis, a 55 km da capital, desempregada e mãe de 4 meninas, 3 delas gêmeas bebês, ela disse que a família segue se sustentando com o salário do marido, que trabalha como segurança.

“Não esperava essa repercussão. Tanto que depois que aconteceu e não contei para quase ninguém, porque achei que seria uma coisa normal [devolver o dinheiro]”, comentou.

Além da surpresa, Leizimar disse que ficou feliz de ver a repercussão. Ela acredita que, apesar de não ver nada de especial na atitude dela, acredita que é sempre bom divulgar exemplos positivos para que as pessoas se inspirem e possam fazer o mesmo.

“Eu acho muito bom que as pessoas sigam um bom exemplo, que possa servir de lição para muita gente, porque caráter a gente não muda, mas se influencia de alguma forma positiva, já fico satisfeita”, completou.

Dificuldade financeira

Leizimar mora com o esposo Mailton e as quatro filhas, Rayssa, de 14 anos, e as trigêmeas Kaylane, Yasmim, Maria Alice, que vieram de uma gestação natural. Todos vivem, segundo ela, com uma renda mensal de R$ 1.500, que vem do emprego do marido.

“Mesmo a gente passando por certa dificuldade, porque cuidar de trigêmeos fica puxado com fraldas e outros gastos, nós preferimos nossa consciência tranquila”, afirmou Leizimar, ressaltando que a conta bancária voltou a ficar no vermelho.

Pagando os financiamentos de uma casa em um residencial na Vila Formosa, e de um carro, ela e o marido se esforçam para tentar alguns bicos e realizar um sonho neste momento.

“Queremos construir um quarto para as meninas, porque hoje elas ainda dormem com a gente. Eu digo que o maior prêmio que tenho são as minhas filhas. Elas são os meus verdadeiros tesouros e não tem dificuldade que vá mudar isso”, finalizou Leizimar.

Fonte: https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2019/05/08/mae-de-trigemeas-que-devolveu-r-2-bilhoes-depositados-por-engano-na-conta-dela-se-surpreende-com-repercussao-do-caso-achei-que-era-normal.ghtml


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O POTE SEM FLOR
 
 
Artigo: O pote sem flor
Um valor que me foi transmitido pelos meus saudosos pais e que agradeço cotidianamente é o da honestidade. Se eles ainda vivessem nos dias de hoje, certamente jamais “entenderiam” a desonestidade que impera inescrupulosamente. Ser “honesto” já quase virou sinônimo de ser “trouxa”!
Honestidade é a palavra e a realidade que indicam a qualidade de ser verdadeiro: não mentir, não fraudar, não enganar. Quanto à etimologia, a palavra honestidade vem do latim honos/honestitas, que traduz a qualidade do que é honesto.
Portanto, honestidade faz referência àquele ou àquela que é decente, razoável, íntegro(a), recatado(a), reservado(a), justo(a), probo(a), reto(a), verdadeiro(a), sincero (a), honrado(a)… pode-se ainda acrescentar mais facetas. Em outras palavras, a honestidade constitui uma qualidade humana que consiste em comportar-se e expressar-se com sinceridade e coerência, respeitando os valores da verdade e justiça.
O filósofo chinês Confúcio (551 a.C.-479 a.C.) já apresentou uma diferença progressiva da honestidade em três níveis. Em outras palavras próprias dele, podemos classificar assim os três níveis: o primeiro nível, denominado Li, é a honestidade consigo mesmo, pois, fundamentados nas Sagradas Escrituras Cristãs, cada ser humano é “feito à imagem e semelhança de Deus”; o segundo nível, denominado Yi, é a honestidade consigo e com os outros, porque, também, baseados nas Sagradas Escritura Cristãs, somos todos “filhos de Deus e irmãos uns dos outros”; e o terceiro nível, denominado Ren, é a honestidade consigo mesmo, com os outros e com Deus, pois, igualmente, iluminados pela Palavra de Deus, temos clareza que somos co-criadores do Senhor da Vida e, por isso mesmo, responsáveis honestos pelo cuidado da vida da “Casa Comum” e responsáveis honestos pela verdade e justiça, pela ética e paz da civilização que estamos construindo.
As perguntas que se impõem neste momento da reflexão: vale a pena ser honesto?; vale a pena remar contra a maré alta da desonestidade?
Nada melhor para responder as perguntas é trazer presente uma fábula: “Há muito tempo, na China, vivia um menino chamado Ping, que adorava flores. Tudo o que ele plantava, florescia maravilhosamente. O Imperador gostava muito de pássaros e outros animais, mas o que ele mais apreciava eram as flores. Acontece que o Imperador estava muito velho e precisava escolher um sucessor.
Quem poderia herdar seu trono? Como fazer essa escolha? Já que gostava muito de flores, o Imperador resolveu deixar as flores escolherem. No dia seguinte ele mandou anunciar que todas as crianças do reino deveriam comparecer ao palácio. Cada uma delas receberia do Imperador uma semente especial. – “Quem provar que fez o melhor possível com a semente dentro de um ano” – declarou ele – “será meu sucessor”.
A notícia provocou muita agitação! Crianças do país inteiro dirigiram-se ao palácio para pegar suas sementes de flores. Ping recebeu sua semente do Imperador e ficou felicíssimo.  Tinha certeza de que seria capaz de cultivar a flor mais bonita de todas. Ping encheu um vaso com terra de boa qualidade e plantou a semente com muito cuidado. Todos os dias ele regava o vaso.
Mal podia esperar o broto surgir, crescer e depois dar uma linda flor! Os dias se passavam, mas nada crescia no vaso. Ping começou a ficar preocupado. Pôs terra nova e melhor num vaso maior. Depois transplantou a semente para aquela terra escura e fértil. Esperou mais dois meses, e nada aconteceu. Assim se passou o ano inteiro. Chegou a primavera e todas as crianças vestiram suas melhores roupas para irem cumprimentar o Imperador.
Então correram ao palácio com suas lindas flores, ansiosas por serem escolhidas. Ping estava com vergonha de seu vaso sem flor. Achou que as outras crianças zombariam dele porque pela primeira vez na vida não tinha conseguido cultivar uma flor. Seu amigo apareceu correndo, trazendo uma planta enorme. – Ping – ele disse -, você vai mesmo se apresentar ao Imperador levando um vaso sem flor? Por que não cultivou uma flor bem grande, como a minha? –
“Eu já cultivei muitas flores melhores do que a sua” – disse Ping. “Foi essa semente que não deu nada”. O pai de Ping ouviu a conversa e disse: – “Você fez o melhor que pôde, e o melhor possível deve ser apresentado ao Imperador”. Ping dirigiu-se ao palácio levando o vaso sem flor.
O Imperador estava examinando as flores vagarosamente, uma por uma. Como eram bonitas! Mas o Imperador estava muito sério e não dizia uma palavra. Finalmente chegou a vez de Ping. O menino estava envergonhado, esperando um castigo. O Imperador perguntou: – Por que você trouxe um vaso sem flor? Ping começou a chorar e respondeu: – Eu plantei a semente que o senhor me deu e a reguei todos os dias, mas ela não brotou.
Eu coloquei num vaso maior com terra melhor, e mesmo assim ela não brotou. Eu cuidei dela o ano todo, mas não deu nada. Por isso hoje eu trouxe um pote vazio. Foi o melhor que eu pude fazer. Quando o Imperador ouviu essas palavras, um sorriso foi se abrindo em seu rosto, e ele abraçou Ping. Então declarou para todos ouvirem: –
“Encontrei! Encontrei alguém que merece ser Imperador. Não sei onde vocês conseguiram essas sementes, pois as que eu lhes dei estavam todas queimadas. Nenhuma delas poderia ter brotado. Admiro a coragem de Ping, que apareceu diante de mim trazendo a pura verdade. Ele foi ‘honesto’! Vou recompensá-lo com meu reino inteiro e torná-lo imperador deste país”.
Dom Jacinto Bergmann, Arcebispo Metropolitano da Igreja Católica de Pelotas
 


 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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