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Planaltina: Escola rural cria projeto de preservação do Cerrado

Planaltina: Escola rural cria projeto de preservação do Cerrado

Escola rural em Planaltina cria projeto de preservação do Cerrado

Apesar de ser o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando 22% do território brasileiro, muitas pessoas não conhecem o cerrado e, o pior, a área está sendo completamente destruída. Somente no Centro-Oeste, por exemplo, segundo levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), estima-se que cerca de 51% da vegetação está desmatada.

Mas, mesmo diante desta triste informação, ainda há esperança, e ela está a cerca de 50km de Brasília, na Escola Classe Córrego do Meio, localizada na zona rural de Planaltina. Lá, 82 crianças na faixa etária de 4 e 12 anos participam do projeto Viveiro de Mudas Nativas, que realiza um trabalho de recuperação e reflorestamento desse patrimônio natural aos redores da instituição e em toda a comunidade.

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O projeto consiste em realizar trilhas no cerrado para colher as sementes e mudas, plantar no viveiro e depois replantá-las no ambiente natural. Os alunos são responsáveis por todas as etapas: eles cavam, plantam, regam, catalogam as espécies e cuidam. As mudas cultivadas são todas doadas para a população, chacareiros, e instituições que querem ajudar a cuidar do cerrado e a ideia e que o projeto seja levado para outras escolas.

Engajados com o protejo, as crianças conhecem espécies importantes como, ipê-roxo, ipê-amarelo, barbatimão, pequi, jatobá, copaíba, araticum, sucupira e muito mais.

O estudante Carlos Eduardo, 6 anos, do 3° ano do Ensino Fundamental já entende a importância de cuidar do cerrado e ele foi enfático sobre a muda de ipê que ganhou no projeto. “Vou cuidar bem do meu pé de ipê porque eu vou plantar quando eu tiver minha própria terra”, contou animado.

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O professor responsável pelo projeto, Robson de Paiva, explica que o cuidado com a vegetação faz parte do currículo escolar e as atividades ocorrem no contraturno das aulas. A partir desse manejo com a terra as crianças aprendem noções de matemática, geografia, português, escrita, alfabetização, compostagem, conservação ambiental, extrativismo consciente e muito mais. “Fazemos tudo com embasamento científico e respaldo técnico, com instruções práticas e teóricas. Aqui, os estudantes têm acesso a um aprendizado diferenciado e com sentindo. Não produzimos mudas só por produzir, existe todo um contexto em volta do tema gerador. Este é um ensino para vida inteira, pois eles passam a ter consciência ambiental e multiplicam esse conhecimento”,
afirma.

Já a diretora da Escola Classe Córrego do Meio e idealizadora do projeto, Lívia dos Reis, explica que a questão principal é a valorização do meio ambiente. “Os alunos têm acesso a uma educação de verdade, pois a criança aprende dentro da realidade em que ela está inserida e leva esse conhecimento para vida. Eles se sentem pertencentes e aprendem que é necessário preservar o cerrado, é algo natural da rotina deles. Nosso projeto é feito por meio de voluntários e parcerias. Agradecemos a Interlife, o grupo Caminhadas de Brasília e o projeto Pé de Planta que desde o início seus membros acompanham e incentivam a nossa iniciativa”, concluiu.

Fotos: Deva Garcia 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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