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Presidente francês enquadra presidente brasileiro no G20

Presidente francês enquadra presidente brasileiro no G20

Sessões do G20 não começaram, mas críticas à política climática do Brasil já tomam espaço

Por Giovanna Galvani/Carta Capital

Depois de ter rebatido Angela Merkel, chanceler alemã que afirmou querer uma ‘discussão clara’ com o presidente sobre desmatamento, o presidente Jair Bolsonaro foi agora enquadrado pelo presidente francês, Emmanuel Macron: “Se o Brasil deixar o Acordo de Paris, no que nos diz respeito, não poderemos assinar um acordo comercial com eles”.

A declaração foi feita a repórteres no Japão antes de uma reunião do G20, e diz respeito ao acordo comercial que visa firmar um pacto entre a União Europeia e o Mercosul – no qual estão inclusos Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Se bem-sucedida, a negociação dará origem a um dos maiores acordos de livre comércio do mundo, com mais de 770 milhões de consumidores.

 

Macron ainda mencionou que o uso de agrotóxicos influencia no andamento das negociações. “Estamos pedindo aos nossos agricultores que parem de usar pesticidas, estamos pedindo a nossas empresas que produzam menos carbono, que tenha um custo de competitividade”, disse o francês. “Então, não vamos dizer de um dia para o outro que vamos permitir a entrada de produtos de países que não respeitem nada disso”.

Na terça-feira 24, 340 ONGs europeias e sul-americanas, incluindo o Greenpeace e a Friends of the Earth, pediram à UE que “pare imediatamente” as discussões “por causa da deterioração dos direitos humanos e da situação ecológica no Brasil” desde a posse em janeiro do presidente Jair Bolsonaro.

Em 2018, UE e Mercosul comercializaram quase 88 bilhões de euros em mercadorias. Os países da América do Sul exportaram, principalmente, seus produtos agrícolas, e os europeus, seus produtos industriais e farmacêuticos.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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