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Levante-se pela Amazônia!

Levante-se pela Amazônia!

Sim, ainda dá tempo de nos levantarmos, seja para gritar; ou, simplesmente, num gesto tresloucado e último de humanidade, elevarmos nossas mentes em favor da vida que pulsa em cada folha, em cada rio, em cada bicho, em cada índio, em cada um de nós. Naquele continente verde, santuário solapado, saqueado e vilipendiado, queimado pelos gananciosos, teremos que erguer o altar da consciência, o monumento da razão fincado no coração da floresta!

Por Maria Félix Fontele 

A selva me chama! Eu que nasci e cresci na simplicidade da fartura, no opulento estado do Tocantins, a experimentar a docilidade dos muricis, das mangabas, dos cajás, dos buritis, dos cajus e do gosto exótico do cupuaçu, este último sempre preparado em forma de creme pelo meu pai, sinto a convocação silenciosa das matas que um dia me serviram de berço. Eu que naveguei pelo Rio Amazonas, entre Manaus e Parintins, em tempos de reportagem, sei muito da importância das águas límpidas e das reservas naturais para os povos da região. 

A palmeira de açaí, plantada em meu quintal, parece balançar mais forte quando passo perto dela. E me vem o impulso, o desejo atávico de falar diante do clamor sutil da palma. Ela parece sussurrar aqui dentro e a dizer: ei, vocês aí do asfalto e do conforto das almofadas, não vão dizer nada sobre a escalada do fogo, da biopirataria de produtos, riquezas e conhecimentos na Amazônia? Vão deixar que destruam tudo?

Impotente diante da força do capital, dos negócios, da mercancia, apenas lembro daquele provérbio indígena: “Só quando a última árvore for derrubada, o último peixe for morto e o último rio for poluído é que o homem perceberá que não poderá comer dinheiro”.
Nota da Redação Xapuri: A imagem do bombeiro tentando apagar a imensidão das chamas é de uma queimada na Amazônia. O crédito que aparece na Internet é de El País. Entretanto, não conseguimos identificar a data da foto.  Decidimos publicar pelo valor da denúncia e pelo reconhecimento da coragem desse bombeiro que, oxalá, nos sirva de exemplo e inspiração.

 

 


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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