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Onde estavam os ambientalistas antes? Os ambientalistas estavam em toda parte!

Onde estavam os ambientalistas antes? Os ambientalistas estavam em toda parte!

Por Leandro Altheman Lopes

Alguém escreveu isso no face, a título de provocação ou desafio. Vou supor se tratar apenas de falta de informação, e tentarei responder com base na minha experiência pessoal de 20 anos de jornalismo no Acre, Amazônia Ocidental.

Os ambientalistas estavam em toda parte.

Estavam trabalhando em órgãos do governo federal e estadual, que lograram obter resultados positivos no combate às queimadas e ao desmatamento ilegal. Os dados são públicos.

Tinham ambientalistas trabalhando para criar o Zoneamento Ecológico Econômico do Acre (ZEE) justamente para dimensionar produção e preservação.

Tinham ambientalistas trabalhando nas Resex criando projetos alternativos dos mais variados desde a fruticultura, extração de óleos vegetais, artesanato, além dos trabalhos que foram feitos para reabilitar a borracha e a castanha.

Tinham ambientalistas atuando através das ONGs é claro, que levaram a cabo diferentes projetos nas comunidades ribeirinhas. O último que tive contato foi com o de repovoamento de quelonios nos rios do Alto Juruá.

No Acre houve ainda essa aproximação entre o pensamento ambiental e indígena, trazendo experiências por exemplo, como as agroflorestas.

O ambientalismo também ajudou a frutificar o ecoturismo no estado, que hoje gera receita e renda. As pessoas que se envolvem nessa atividade, sempre tem algum grau de comprometimento com o pensamento ambiental.

Sem contar que houveram programas de prevenção e combate às queimadas que recebiam verbas do Fundo Amazônia.

Se essas ações não foram suficientes para extinguir as queimadas para sempre, ao menos deram importante contribuição para sua diminuição.

Como tudo, são ações que dependem de políticas governamentais e apoio financeiro internacional, mas a prova de que tais políticas tiveram alguma efetividade é justamente que agora, com a retirada destas salvaguardas, é observado um aumento de 83% nas queimadas.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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