Dois bilhões vivendo de bicos no mundo, Talkey?

Dois bilhões vivendo de bicos no , Talkey?

informal não pára de crescer no e em todo o e também vai exigir profissionais mais qualificados

José Eduardo Mendonça

Cerca de dois bilhões de pessoas – ou mais de 60% da força mundial de trabalho – têm empregos informais, o que as deixa vulneráveis a baixos salários, excesso de trabalho e  em muitos casos a uma quase escravidão. E a ascensão de plataformas digitais, como apps de e transportes, deixa sob ameaça salário mínimo e condições justas de trabalho.

Em grande número,  estes fazem parte hoje do que se chama gig economy,  ou economia dos bicos. Ela não para de crescer. Nas próximas décadas, deveremos assistir ao final da posição de trabalho em integral como forma principal de emprego. Em vez disso, as organizações podem funcionar como um esqueleto para um setor de tomada de decisões e líderes. Os trabalhadores farão bicos em projetos com contratos de curto prazo – de dias, semanas ou meses.

Embora muitos saúdem com entusiasmo a nova forma de ocupação, outros irão resistir fortemente ao fim da estabilidade e previsibilidade. Mas foi-se o tempo no qual os empregos eram seguros. Será o de parte da população empregável, quer queiram ou não. Tem mais: o sucesso na economia de bicos dependerá da utilização de empregados com formações relevantes, por contra da automação crescente. Mesmo trabalho para empresas como Uber apenas vai existir enquanto não chegarem os carros sem motoristas.

A economia dos bicos gera atualmente 201 bilhões  de dólares, e deve chegar a 455 bilhões de dólares em 2023.  Com  novas oportunidades de negócios, a corrida irá ser pelos mercado em países com baixa penetração.

 Alguns dados dos ilustram as tendências do setor.

.  Cerca de 57.2 milhões de pessoas têm trabalho informal, e o número deverá chegar a 86.5 milhões em 2017..

. O mercado de trabalho informal é a fonte primária de para 44% destas pessoas. E sobe para 53%, entre as pessoas de 18 a 34 anos,.

. Estima-se que a força de trabalho independente é bem maior do que se pensava previamente – são de 20% a 30% da população em idade de trabalho – o mesmo vale para  para União Européia.

. 55% dos trabalhadores em bicos têm também empregos de tempo integral ou regulares.

. 19% dizem que a principal razão é fazer dinheiro extra ou cobrir as despesas do dia a dia,

. O número de empregados na gig economy vai aumentar em todo o mundo, Nos Estados Unidos, irão exceder 40% da força de trabalho no ano que vem.

Uma tendência preocupa, se olharmos um levantamento feito recentemente pelo banco JP Morgan. Os ganhos de trabalhadores que usam apps relacionados a transporte, seja como transporte de pessoas ou serviços de entrega, caiu em 53% entre 2013 e 2017, O valor subiu entre as plataformas de leasing, como airbnb, e permaneceu estável em apps de venda, como o ebay.

Segundo dados do IBGE, quase 4 milhões de pessoas formam a categoria que trabalha para empresas de aplicativos de serviços no Brasil. Os dados das empresas confirmam essa escalada. Mais de 600 mil motoristas cadastrados na plataforma da Uber  Os aplicativos de entrega de comida iFood e Rappi têm cada um, pelo menos, 120 mil entregadores trabalhando, sempre como autônomos.  E a gama de serviços que a economia informal abrange só aumenta, de passeadores de cães a massagistas.

Esse crescimento de trabalho informal fazem surgir alternativas, como cooperativas de trabalhadores com baixa renda: a Up & Go, de Nova York, reúne profissionais de serviço de limpeza, onde o cobrado é 25 dólares por hora, o dobro do que poderiam cobrar como profissionais independentes. É uma plataforma emergente. Estes novos projetos chegam a 400 apenas nos Estados Unidos.

Fonte: Projeto Colabora

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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