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A LENDA DO DENTE-DE-LEÃO

A LENDA DO DENTE-DE-LEÃO

A belíssima do dente-de-leão e seus muitos significados

O dente-de-leão é uma planta perene, típica dos climas temperados, que espontaneamente cresce praticamente em todo o lugar: na beira de estrada, à beira de campos de cultivo, prados, planícies, colinas e montanhas de altitude de aproximadamente até 2000 metros. Reproduz-se de uma forma tão rápida que invadem terras cultivadas, de modo que, especialmente no passado, o dente-de-leão era considerada uma daninha a ser erradicada.

Dada a sua espontaneidade e onipresença, esta planta seria de pouco valor, no entanto, ela tem muitas propriedades medicinais e tantos significados simbólicos, evocativos e variados. Ao dente-de-leão foram atribuídos poderes mágicos que inspirou mais de uma lenda.

O nome científico do gênero é taraxacum sendo a sua espécie mais disseminada a Taraxacum officinale. Mas seus nomes populares muitas vezes evocam sua particularidade. Além do nome comum dente-de-leão, no é conhecida por “”. Na Itália vem a ser popularmente chamada por soffione (grande sopro) pelo fato de ter, depois de sua inflorescência, suas sementes recolhidas naquela bola que se parece com um pompom, pronta para voar e dispersar-se ao primeiro sopro de vento.

Todo mundo, pelo menos uma vez na , deve ter assoprado um fruto do dente-de-leão, talvez na esperança de ter o que se deseja.

Esta planta floresce a cada primavera produzindo algumas belíssimas amarelas, muito apreciadas por abelhas que sugam o néctar do qual se faz o mel de dente-de-leão.

O dente-de-leão e seus significados

dandelion tattooDiz-se que esta planta simboliza a força, a esperança e a confiança.

Teseu teria se alimentado por 30 dias seguidos apenas de dente-de-leão, a fim de tornar-se forte o suficiente para enfrentar e derrotar o Minotauro.

Acreditava-se no passado que o dente-de-leão tivesse o poder de curar a icterícia.

De acordo com a Doutrina das Assinaturas – uma teoria que relaciona o formato da planta com uma estrutura semelhante a um órgão do corpo à uma ação benéfica sobre este – as sua flores amarelas eram elegíveis para curar distúrbios do fígado assim como a icterícia.

Hoje sabemos que o dente-de-leão é realmente útil no tratamento do fígado, embora a razão não esteja na cor de suas flores

O dente-de-leão também está relacionado à ideia do desprendimento e da viagem. As sementes desta planta parecem representar perfeitamente as fases, os ciclos de vida que cada um de nós tem que cumprir.

Inicialmente, as sementes ligadas ao apêndice delicado, não parecem dispostas a se destacarem. Mas, lentamente, são levadas pelo vento com “receio” em um primeiro momento, mas cada vez mais decididas a embarcarem em uma nova jornada e experimentar novas aventuras.

Superado o medo ou o receio inicial, elas se deixam levar pelo fluxo da vida, curiosas sobre novas descobertas, e prontas para criarem uma nova vida.

Este caminho é uma metáfora perfeita para a vida de cada um de nós: para voar e aproveitar todas as oportunidades da vida, é preciso se desprender da própria origem, enfrentar o novo e o desconhecido.

Um outro significado ainda é a representação do dente-de-leão como símbolo da e da inocência.

E são especialmente as , de fato, que se deliciam em soprar e dispersar as sementes do fruto seco desta planta. Uma imagem que representa a infância em seu sonho de um futuro melhor para todos. Típica da alegria infantil, inocente e despreocupada, que precisamos recuperar e redescobrir na vida adulta.

No passado usava-se o dente-de-leão no buquê da noiva para levar e ao casamento. Portanto, um outro significado daí advém, o da boa sorte e prosperidade.

E para finalizar, ao dente-de-leão foram atribuídos poderes mágicos. Acreditava-se que a planta fosse capaz de aumentar as habilidades psíquicas das pessoas. Também acreditava-se que esfregando-a sobre a pele se atraísse o bem-querer de todos. Até as bruxas usavam este método para serem aceitas pelas pessoas.

Mas acima de tudo, o dente-de-leão foi considerado uma ponte de conexão entre a vida e a morte através dos espíritos

Por sua beleza e por seu simbolismo fascinante, o dente-de-leão é um dos desenhos mais populares e usados em tatuagens. Muitas vezes, retratado de uma maneira particular: as sementes que se desprendem e se transformam em aves, especialmente para indicar a liberdade, a possibilidade de um novo início, a vontade de recomeçar.

Fonte: Greenme

A LENDA DO DENTE-DE-LEÃO
Foto: Wikipedia

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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