COVID-19 no Acre: Povo Yawanawá “NA ALDEIA SÓ OS PARENTES!”

no Acre: Yawanawá “NA ALDEIA SÓ OS PARENTES!”

Medida é para evitar casos de coronavírus, que já infectou pelo menos 176 no Acre

O povo Yawanawá seguiu o exemplo dos Ashaninka e decidiram proibir o acesso de não índios às suas aldeias, situadas nas margens do Rio Gregório, em Tarauacá, distante mais de 400 quilômetros da capital .

A medida começou na aldeia Nova Esperança, uma das mais importantes da Indígena Yawanawá, com o intuito de proteger seus 370 moradores do coronavírus, que já infectou pelo menos 176 pessoas no Acre, matando oito delas. Nos dias seguintes, as demais aldeias também adotaram a restrição de entrada e saída.

“Sabemos que esse vírus não é uma gripe comum. Somos muito vulneráveis a essa doença. Estamos fechando a aldeia, a porta da nossa casa, até que a encontre a cura. Cancelamos qualquer visita. Também ninguém pode sair. Se sair, não volta. Nem os próprios Yawanawá que vão para a cidade”, disse, em entrevista ao site Real, o cacique Biraci Brasil.

Com o fechamento temporário das aldeias para não índios, as festividades culturais que todos os anos atraem turistas do Brasil e do exterior estão canceladas até que a ameaça da covid-19 cesse. Em abril, os receberiam para um desses eventos quase 80 convidados internacionais.

“Não estou pensando em nada financeiro. Aqui tem bastante alimento; tem muita , abundância de peixe. Se o mundo se acabar lá fora vou poder viver por muito aqui dentro. Estou muito tranquilo. Não penso no sal, na roupa, na gasolina ou em algum outro mantimento que dependemos de fora. Só não quero que meu povo morra por causa dessa doença; não quero que seja dizimado. Vamos nos fechar na nossa terra, na nossa floresta”, afirmou o cacique.

Fonte: ContilNet

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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