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PEQUENA VIAGEM AO CENTRO DA TERRA: PETRÓLEO E GÁS NATURAL

PEQUENA VIAGEM AO CENTRO DA TERRA: PETRÓLEO E GÁS NATURAL

Pequena viagem ao centro da Terra: Petróleo e gás natural 

Tanto o petróleo como o gás natural trazem na sua composição hidrogênio e carbono, por essa razão são designados hidrocarbonetos.

Esses materiais são formados por restos orgânicos, sendo a maioria microscópicos, que se assentam principalmente no assoalho oceânico ou no fundo de lagos rasos, locais onde existe pouco oxigênio para decompô-los. Quando soterrados sob camadas sedimentares e quando aquecidos, em função da profundidade, dão origem ao petróleo e ao gás natural.

A rocha onde esses elementos se formam recebe a denominação de rocha-mãe, mas a viabilidade econômica só se torna possível quando há uma migração desses elementos da rocha-mãe para uma espécie de rocha-reservatório, também conhecida como armadilha, que os retém em grande quantidade.

Fato muito semelhante à formação de aquíferos. A rocha reservatório deve possuir diques selantes para reter o petróleo e o gás natural. Caso isso não aconteça, há grande possibilidade desse tipo de material vazar até a superfície, onde desapareceria.

As rochas-reservatórios devem possuir porosidade, permeabilidade, capacidade de transmitir fluidos, para que tanto o petróleo como o gás natural possam ser extraídos em quantidades economicamente viáveis.

Muitos reservatórios de hidrocarbonetos são formados por arenitos marinhos que se espalham ao longo da costa oceânica e sempre nas proximidades de rochas-mãe. Recifes de corais antigos podem também se constituírem em boas armadilhas estratificadas. Por exemplo, grande parte do petróleo da região do Golfo Pérsico se encontra em antigos recifes.

Os hidrocarbonetos podem também ser encontrados em estruturas próximas aos “domos de sal”. O sal gema é uma rocha sedimentar, quando esta é enterrada com certa profundidade sob sedimentos mais densos, ela pode subir em direção à superfície em colunas denominadas “domos”. À medida que a rocha de sal se ergue, penetra e forma camadas sobrepostas de rocha que podem armazenar petróleo e gás.

O folhelho betuminoso e as areias de alcatrão também podem se constituir em fontes econômicas de petróleo, dependendo da sua composição, extensão e da maneira exigida para seu processamento.

Embora algumas pesquisas demonstrem que petróleos e gases naturais já existiam desde o período Carbonífero, é no Cretáceo Superior que se formam mais de 2/3 do petróleo e gás natural existentes no mundo.

O Caso do Pré-Sal da Costa do Brasil

O chamado pré-sal da costa brasileira refere-se a uma grande reserva de hidrocarbonetos que, se bem explorada, pode colocar o Brasil entre os maiores produtores mundiais. É encontrada sob uma profunda camada de rocha salina.

Os estudos até o presente momento demonstram que a camada onde se encontram a rocha-mãe e as armadilhas que armazenam os hidrocarbonetos se estende desde o estado do Espírito Santo até o estado de Santa Catarina, no final da plataforma continental brasileira, fora do que se considera mar territorial brasileiro, porém dentro da zona econômica exclusiva do Brasil.

A rocha geradora que dá origem aos hidrocarbonetos retidos em uma camada bem profunda é constituída basicamente de folhelhos lacustres. A profundidade da camada rica em petróleo pode chegar a 8 mil metros abaixo do nível do mar.

Sua origem está condicionada à fragmentação Gondwânica, que separou a África da América do Sul e deu origem à formação do Atlântico Sul, bem como as placas tectônicas Sulamericana e Africana. Isso há cerca de 120 milhões de anos.

As camadas mais recentes de sal que se situam acima das reservas estão cerca de 2 mil metros abaixo do nível do oceano e se formaram pela evaporação da água marinha, num contexto de clima árido e semiárido, durante a última fase de mar raso que abrangia toda a região.

PEQUENA VIAGEM AO CENTRO DA TERRA: PETRÓLEO E GÁS NATURAL
Foto: Getty / BBC News Brasil

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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