Sancho
O poeta batista filho, faz uma releitura da história quixotesca. em versos que se interligam, que se completam e se esticam para dar lugar ao que sabemos, ao que não sabemos e, ainda, ao que é possível criar, inventar, imaginariar. E, poeticamente, interpreta o seu SANCHO e até sobrenome deu a ele: tem pouco tempo/ que soube teu sobrenome: Povo
SANCHO
por um instante
deixo Quixote
a sabedoria dos loucos
o idealismo de poucos
e olho Sancho:
fiel escudeiro
montado num burrico
que sequer tem nome.
… e no entanto
é ele que ergue o cavaleiro errante
quantas vezes caia.
Sancho também sonha.
decerto sonha.
e tem medo.
por isso
corta as asas dos próprios sonhos.
segue. não para.
vai a passo.
com seu burrico
sem nome.
Sancho, Sancho!
tem pouco tempo que soube
teu sobrenome:
Povo.
Sancho, Sancho!
um dia deixará de seguir caminhos por outros traçados.
traçará teu próprio rumo.
deixará crescer as asas dos sonhos.
um dia… por enquanto não.
ainda tem medo.
por isso segue.
a passo.
no teu burrico
… sem nome.
(Sítio Encantado, Alexânia-GO, mar/2018)
João Batista de Oliveira Filho, nascido em 1958, quinto filho da prole de sete de Seu Bá e Dadinha, é natural de Parnaíba-PI. Em 1977 mudou para Brasília. Há seis anos reside no sítio Encantado, no município de Alexânia-GO.
O poeta “batista filho” convive com cães e gatos, cria galinhas e patos enquanto apascenta sonhos em forma de poesia. O poeta é colaborador da ALANEG/RIDE.
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