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Abutres, sorriam

Abutres, sorriam

Abutres, sorriam. É dessa forma sarcástica e também tristonha que o poeta nos chama à reflexão. Metaforicamente compara o ser humano e o ser detentor de poderes ao mais feroz e faminto bicho que habita naqueles que prejudicam o povo, que maltratam o povo, que destilam . Ao povo comum, aos sofridos, o poeta deixa o sentimento.

Por Atila de Almeida Ribeiro

Abutres,
Sorriam!
Vocês, cujos dentes são ferrões.
Dancem sobre os corpos cujas serão suas eternas companhias.
O dia nasceu em sintonia com essa ignomínia que tu escondes.
Dobrou o sino de bronze da maldade que ornamenta tua alma.
Vai, ave de rapina, vai réptil abjeto e rastejante!
Há menos um a incomodar sua vida insignificante.
Sobre o mármore, reina a tua ojeriza.
E cada lágrima que escorre e que comove, não haverá de arrancar nada de ti, pois não há nada mesmo aí dentro.
A dor do outro é teu alimento. A desgraça alheia, teu sustento.
Deixa pra nós a angústia, a tristeza, o amor.
Deixa pra nós o privilégio do sentimento.

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Átila De Almeida Ribeiro é advogado em Volta Redonda – RJ , escritor e filósofo. O autor é parceiro da ALANEG – Academia de Letras e Artes do Nordeste Goiano/RIDE e colaborador da Xapuri Socioambiental.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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