Cervo

Formoso do Araguaia: Caçadas na seca ameaçam vida animal

Seca no estado de Tocantins afeta a vida de humanos como também de animais

Aqui em Formoso do Araguaia, no do Tocantins, muito se discute atualmente sobre a falta de água no Brasil e no , mas o que alguns se esquecem de comentar, é que a seca  não impacta somente a dos seres humanos.  A vida também é afetada.

Quando a água escasseia, muitos animais silvestres tornam-se  presas fáceis em regiões ocupadas por fazendeiros. Como? Bem, eles precisam de água para sobreviver e, algumas vezes,  a sede é tão grande que  acabam se aproximando demais das casas dos humanos, situação que com frequência é aproveitada pelos caçadores da região.

Outra fonte de perigo são os poços de água  que se formam na época de chuva, e que vão secando aos  aos poucos, fonte de água para matar a sede da fauna local.  Basta ficar um parado entre os galhos de alguma árvore para avistar os animais que se aproximam, sedentos por água. Mesmo sentindo  a ameaça humana há poucos metros, a sede é maior. E, incautos, encontram ali a sua morte.

Nesses poços, sempre vejo muitos animais e, com frequência, tiro fotos de todos eles, para que suas belas imagens fiquem preservadas  através da arte da .  O que me entristece o coração, é que não é sempre um “tiro” de foto que eles recebem. Por aqui  é comum a caça predatória e desumana desses animais.

E, pior: não são somente os fazendeiros locais que os abatem.  As se dão também por conta das armas de visitantes das fazendas dos alredores,  já que por aqui a fiscalização nas estradas está muito abaixo do que é realmente preciso para proteger a nossa flora e a nossa fauna.

Ao conversar um pouco com os  moradores locais, logo começam as histórias de como a matança dos nossos animais pelos seres humanos que por ali transitam é cruel e sem misericórdia. Matam até mesmo quando o tiro não é certeiro, deixando o animal se exaurir aos poucos, até se tornar de urubus.

Por meio do site da revista Xapuri, compartilho, a título de denúncia, algumas fotos clicadas por mim aqui na região  de Formoso do Araguaia. Com isso, espero fazer com que a população saiba um pouco mais sobre os impactos negativos da caça predatória, e, assim,  se preocupe e se mobilize para chamar a atenção  dos órgãos responsáveis para a importância de proteção aos nossos indefesos animais silvestres.

A aqui  é linda, abençoada com uma fauna e flora de encher os olhos, mas que precisa de nossa ajuda para seguir existindo.  Vamos preservar!
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ANOTE Aí:

Este é uma contribuição da Izalete Tavares, de Porangatu, no estado de Goiás. Mais imagens da Izalete podem ser visualizadas no seu Flickr. Quer contribuir também? Mande o seu texto e suas fotos para contato@xapuri.info.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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