A Dor do Gigante Lula

A Dor do Gigante Lula

“O sofrimento profundo enobrece; coloca à parte.”
(Nietzsche. Além do Bem e do Mal. § 270)
Do Facebook do Beto Mafra

É impressionante o quanto o martírio de Lula o engrandece e agiganta, ao passo que todo esse sofrimento que lhe é infligido tem causado o efeito exatamente contrário nos seus algozes e detratores: eles aviltam-se, apequenam-se, degradam-se. Agora querem mentirosamente atribuir a Lula a culpa pela morte do neto. É claro que é mais uma fakenews. É claro que não há qualquer fundamento em mais essa acusação a Lula. Mas, quantas pessoas checam notícias e suas fontes no ? Até nas supostamente bem informadas classe média e alta a desinformação e o viés confirmativo correm soltos.
Esta gente não procura se informar bem, procura antes e avidamente a confirmação de seus mais toscos preconceitos de classe. Ao longo da , diversos filósofos já nos alertaram acerca do fato de que nos enganamos ao buscar certeza em vez de conhecimento. A tendência geral das pessoas é rejeitar tudo aquilo que conflita com aquilo que “acreditam”. Não deveriamQuerem realmente encontrar a verdade? Sejam duros e implacáveis em relação às suas crenças mais caras e vocês conquistarão algumas migalhas de verdade.
Como disse Nietzsche no Anticristo: “O serviço da verdade é o mais duro dos serviços.” Normalmente, a certeza é uma falsa convicção de que se atingiu a verdade em algum ponto do conhecimento. Essa convicção é pior do que a mentira, porque, enquanto o mentiroso tem clareza de que não detém a verdade, o homem convicto é dotado de uma espécie de certeza interior que torna arrogante. A história do conhecimento, ao contrário, demonstra que a essência do conhecimento humano reside na incerteza e não na “convicção absoluta da posse da verdade.”
Vou lembrar aqui o que disseram apenas alguns dos mais brilhantes filósofos sobre o problema da do conhecimento, isto é, sobre a incerteza básica em que ele repousa. Sócrates (470-399): “Só sei que nada sei.” Esta frase resume a essência do pensamento socrático, isto é, a ideia de que o caminho para o conhecimento começa com a assunção da nossa ignorância a seu respeito. É por isso, podemos deduzir, que as pessoas dotadas de certeza pouco ou nada progridem no processo de aquisição do conhecimento autêntico.
No , Os Problemas da , Bertrand Russell (1872-1970), escreve o seguinte sobre o efeito da filosofia no pensamento humano: “… embora diminua nosso sentimento de certeza sobre o que as coisas são, aumenta muito nosso conhecimento sobre o que as coisas podem ser; rejeita o dogmatismo um tanto arrogante daqueles que nunca chegaram a empreender viagens nas regiões da dúvida libertadora; e mantém vivo nosso sentimento de admiração, mostrando as coisas familiares num determinado aspecto não familiar.” (pp 175-176). Mas, é o próprio Russell que constatou estarrecido o seguinte: “Aquilo que os homens de fato querem não é o conhecimento, mas a certeza.” Em outras palavras, os homens do senso comum buscam não o conhecimento, mas a confirmação daquilo que pensam. Suas “leituras” têm um viés confirmativo.
No seu famoso texto, O Anticristo, Friedrich Nietzsche (1844-1900) foi bem mais enfático ao escrever: “O homem teve de lutar bravamente por cada migalha da verdade; teve de sacrificar quase tudo aquilo em que se agarra o coração humano, o amor humano, a confiança na vida. Para isso é necessário possuir grandeza de alma: o serviço da verdade é o mais duro dos serviços.” (§ 50) Em outras palavras, ao buscar a verdade devemos evitar ao máximo o viés confirmativo, ou seja, devemos evitar as descobertas que nos agradam simplesmente porque condizem com aquilo que acreditamos. E, ainda no mesmo Anticristo, Nietzsche continua: “Não nos deixemos enganar: os grandes espíritos são cépticos. Zaratustra é um céptico. A força, a que promana da força e da plenitude do espírito demonstra-se pelo cepticismo. No tocante a tudo o que é princípio de valor e não-valor, os homens de convicções não se tomam em conta. As convicções são prisões.” (§ 54)
Assim, meus caros fanáticos, vocês querem realmente o conhecimento objetivo sobre o caso Lula? A verdade e tão somente a verdade? Pisoteiem seus preconceitos mesquinhos, dêem apenas uma pequena chance à duvida e vocês descobrirão que muito daquilo que se fala sobre Lula é falso. Querem um exemplo, basta dois minutos de pesquisa no Google para certificar-se que “é falso que Lula vetou a vacinação contra meningite”
O problema é que, para fazer isso, é preciso grandeza de espírito. É preciso livrar-se das falsas certezas, das venerandas convicções que alimentam os seus preconceitos do dia a dia. Além do mais, como reconhecer que estavam errados em praticamente tudo o que disseram sobre o assunto nos últimos anos. Difícil, né? Como fica o orgulho, a vaidade ferida.
É por tudo isso que Lula é o ser humano mais perigoso que existe neste momento para boa parte da brasileira. É por isso que os “guardiães da lei” proibiram Lula de “acenar para a multidão”. Quanto perigo em um único aceno de um solitário senhor de 73 anos cercado de policiais fortemente armados!
Realmente, íssimo!!!

Ezequiel Martins, meu amigo Zéck ao #LulaGIGANTE

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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