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A Lenda do Diamante

A LENDA DO DIAMANTE

A do Diamante
Diz a lenda, com base, dentre outras narrativas, na que ficou registrada no   e do Brasil, de Theobaldo Miranda Santos, que o brilho e a pureza dos diamantes vêm das lágrimas de saudade e de de Potira, uma jovem mulher indígena por seu amado, o bravo guerreiro Itagiba ou Itagibá, conforme quem conta a história. 

Por Falcão Viana/Sacizal dos Pererês – Adaptada por Redação Xapuri

A LENDA DO DIAMANTE
Imagem: Reprodução/Internet
 
Em um atrás, na região Centro-Oeste, vivia à beira de um rio um povo  indígena, e dele fazia parte um casal muito feliz: Itagibá (“braço forte”), uma guerreiro poderoso e valente,  e sua amada,  uma jovem e bela moça, cujo nome era Potira, que na língua de seu povo significa “flor”.
 
Os dois, junto com seu povo, viviam tranquilamente, até que um dia a aldeia deles foi atacada e Itagibá e outros guerreiros precisararam partir para a guerra.
 
Chegado o grande dia, os indígenas  subiram na canoa e seguiram rio acima, para combater quem atacou a aldeia de seu povo. Ao se despedirem, Potira não deixou cair uma só lágrima, mas seguiu, com o olhar muito triste, o marido que se afastava em sua canoa.
 
Todos os dias, Potira ia para a margem do rio esperar o esposo. Passou-se muito tempo, mas Potira permanecia serena e confiante, com saudades tinha a esperança que logo seu amado chegaria.
 
Quando os guerreiros regressaram à sua taba, Itagibá não estava entre eles. Potira foi informada que seu marido morreu lutando bravamente. Ao receber essa notícia, a jovem índia se descontrolou a chorar. Passou o resto da vida à beira do rio chorando a morte do seu amor.
 
Tupã, o deus dos indígenas, ficou com dó e transformou as lágrimas de Potira em diamantes, que se misturaram com a areia do rio. Daí a razão pela qual os diamantes são encontrados entre os cascalhos e areias do rio. Seu brilho e pureza recordam as lágrimas de saudade e de amor da jovem Potira.
 
 
A LENDA DO DIAMANTE
Diamante – Foto: Minas Jr.

O mistério de Diamantina

Arraial do Tijuco, atual Diamantina, foi onde, há quase 200 anos, se deu notícia do diamante, até então só encontrada nas Índias. Logo depois de sua descoberta, o arraial se tornou a maior lavra de diamante do  ocidental durante o século XVIII e parte do século XIX.
Os diamantes lá são encontrados, principalmente, em depósitos aluvionares, ou seja, leitos de rios, porém, a localização das rochas-fontes é desconhecida. E, por isso, a origem dos diamantes de Dimantina ainda gera controvérsia entre os geólogos.
Para explicar sua origem, existem duas correntes de pensamentos:

Origem próxima

Esses defendem a existência de kimberlito na região. Kimberlito é a rocha responsável por transportar os diamantes das profundezas do magma à crosta terrestre. Essa conclusão é baseada em estudos de campo e bacias hidrográficas. Os geólogos observaram que a forma das arestas angulosas evidencia um transporte curto, pois um transporte longo lapidaria os cristais em arestas arredondadas.

 A LENDA DO DIAMANTE
Kimberlito, rocha transportadora dos diamantes. Fonte: Portal do Geólogo

Origem distante

Já essa corrente defende a origem mais provável no cráton São Francisco, há mais de 200 km. Essa conclusão vem de estudos mineralógicos dos diamantes encontrados. Os diamantes não possuem evidências de origem kimberlítica, como a granada ou incrustações típicas de diamantes de tal origem.
Além disso, kimberlitos apresentam uma taxa entre 5% e 20% de cristais gemológicos, enquanto no Espinhaço, onde Diamantina se encontra, a taxa varia entre 80% a 90% de gemas. O tamanho dessas gemas também indicam um transporte longo.
A principal dificuldade para comprovar ambas as teorias é que a porção cratônica do sudeste brasileiro está recoberta pelos sedimentos do Grupo Bambuí, em sua maior parte. Esses sedimentos podem atingir até 1000 metros de espessura e, por isso, é remota a possibilidade de encontrar os kimberlitos que transportaram esses diamantes, seja próximo ou distante.

A MALDIÇÃO DO DIAMANTE HOPE 

O diamante Hope é o diamante natural mais perfeito do mundo. Estimado em 250 milhões de dólares, ele é diferente pela presença de boro, que confere a ele a cor azulada. Ele também é responsável por sua fosforescência – emissão de uma luz característica (vermelha) quando irradiado por raios ultravioletas.
A maldição teria início no século 17, quando a gema foi roubada por um mercador francês. Jean Baptiste Tavernier supostamente teria tido uma morte trágica, devorado por lobos. O diamante passou então para a coroa real da França, que lapidaram a peça em uma menor.
A pedra passou por três gerações até que Luis XVI a ofereceu em casamento à Antonieta. Em 1973, o casal foi guilhotinado.
Com a Francesa, o diamante sumiu e reapareceu nas mãos de um banqueiro inglês. Seu irmão faleceu no mesmo ano que tomou posse da peça. E seu neto teve que vendê-la para quitar dívidas da família.
Sua esposa, May Yohé, uma atriz estado-unidense, foi a primeira a afirmar que o diamante estava amaldiçoado. Foi então que ela estreou em um filme hollywoodiano, “The Hope Diamond Mystery” (1921). Mesmo assim faleceu pobre.
Em 1907, o merchant norte-americano Simon Frankel faliu e colocou a culpa no diamante. Sua posterior dona, Evalyn McLean, teve seu filho morto em um acidente de carro e seu marido foi internado em um sanatório. Ela foi a última dona particular do Diamante Hope. 
Hoje, o Hope é exposto através de um vidro anti bombas no Museu de História Natural do Instituto Smithsonian, em Washington, DC, Estados Unidos.

A LENDA DO DIAMANTE
O Diamante Hope. Fonte: Wikipedia

 

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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