A LENDA DO ESCORPIÃO E O SAPO

A LENDA DO ESCORPIÃO E O SAPO

A Lenda do Escorpião e o Sapo  

Para quem não conhece, aí vai a história. Qualquer semelhança é mera coincidência…

Por Agostinho Vieira/Projeto Colabora

“Era uma vez um escorpião que queria atravessar para a outra margem do rio. Então ele pediu ao sapo que o levasse até lá. O sapo, desconfiado, disse: Se eu te levar até lá corro o risco de ser picado.

O escorpião, que tinha uma boa lábia, respondeu: Não temas “amigo” sapo. Se eu te picasse nós dois morreríamos afogados. Podes confiar em mim. O sapo pensou, pensou e achou que aquilo tinha alguma lógica. Então resolveu ajudar o escorpião.

Porém, no meio da travessia, o escorpião picou o sapo que, agonizante e incrédulo, disse: você disse que não ia me picar. Agora ambos vamos morrer afogados! O escorpião ainda teve tempo de responder: desculpa seu sapo, mas é da minha natureza”.

Fonte: Projeto Colabora – contato@projetocolabora.com.br

A LENDA DO ESCORPIÃO E O SAPO
Escorpião amarelo – Curitiba, 11/03/2019 – Foto: Emanuel Marques da Silva/ Divisão de Zoonoses e Intoxicações da SESA

Medidas simples podem manter escorpiões longe de residências e evitar acidentes

Em caso de picada, o paciente deve procurar atendimento médico imediato; soro antiescorpiônico é disponibilizado apenas no Sistema Único de Saúde

Integrantes da classe dos aracnídeos e parentes das aranhas e dos carrapatos, os escorpiões são peçonhentos. A picada deste animal pode causar sérios problemas à saúde. Em 2021, foram registrados mais de 154 mil acidentes por picada de escorpião no Brasil. Não existem evidências científicas de que tratamentos caseiros funcionem, então, em caso de picada, o paciente deve procurar atendimento médico imediato.

Algumas espécies estão adaptadas ao ambiente urbano e se multiplicam nos grandes centros. No verão, a atenção deve ser redobrada, pois o clima úmido e quente favorece o aparecimento desses animais, que se abrigam em esgotos e entulhos. Mas escorpiões podem causar acidentes em qualquer estação do ano, inclusive no inverno.

No Brasil, existem 4 principais espécies:

  • Escorpião-amarelo (Tityus serrulatus) – Encontrado em todas as regiões do país. É o que mais preocupa por ser considerado o mais venenoso. Tem reprodução do tipo partenogenética, ou seja, as fêmeas procriam sem precisar que machos as fecundem.

  • Escorpião-marrom (Tityus bahiensis) – Encontrado na Bahia e algumas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil.

  • Escorpião-amarelo-do-nordeste (Tityus stigmurus) – Também procriam sem a necessidade de um macho. É a espécie mais comum no Nordeste do Brasil, apresentando alguns registros nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

  • Escorpião-preto-da-amazônia (Tityus obscurus) – O principal causador de acidentes e óbitos por picadas de escorpião na região Norte e no estado do Mato Grosso.

Sinais e sintomas

Quando há picada por escorpião, a dor é imediata em praticamente todos os casos, além da sensação de formigamento, vermelhidão e suor no local.

Após alguns minutos ou horas, principalmente em crianças, que são mais vulneráveis ao envenenamento, podem aparecer outros sintomas, como tremores, náuseas, vômitos, agitação incomum, produção excessiva de saliva, hipertensão, entre outros.

Todos os escorpiões são venenosos e os riscos aumentam de acordo com a quantidade de veneno injetado e no quão nocivo o veneno de cada espécie é para o corpo humano.

Os casos leves, que não necessitam da aplicação do antiveneno, representam cerca de 87% do total de acidentes. O soro antiescorpiônico é disponibilizado apenas nos hospitais de referência do Sistema Único de Saúde (SUS).

Medidas de prevenção

Os escorpiões que habitam no meio urbano se alimentam principalmente de baratas, portanto, são comuns em locais com acúmulo de lixo. São animais que não atacam, mas se defendem quando ameaçados. Para evitar encontros indesejados, é importante:

  • Manter lixos bem fechados para evitar baratas, moscas e outros insetos que sejam alimento dos escorpiões;

  • Manter jardins e quintais limpos. Evitar acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico e materiais de construção nas proximidades das residências;

  • Em casas e apartamentos, utilizar soleiras nas portas e janelas, telas em ralos do chão, pias e tanques;

  • Afastar camas e berços das paredes;

  • Evitar que roupas de cama e mosquiteiros encostem no chão.

O Ministério da Saúde não recomenda a utilização de produtos químicos (pesticidas) para o controle de escorpiões. Esses produtos, além de não possuírem, até o momento, eficácia comprovada para o controle do animal em ambiente urbano, podem fazer com que eles deixem seus esconderijos, aumentando o risco de acidentes.

Fran Martins
Ministério da Saúde

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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