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A LENDA DO LOBISOMEM

O Mistério do Lobisomem: e Realidades

Desde os primórdios da civilização, a figura mítica do lobisomem tem fascinado e aterrorizado as pessoas ao redor do mundo. Este ser, metade homem e metade lobo, tem suas raízes na antiga e, ao longo dos séculos, adquiriu uma aura de mistério e medo.

Por Lúcia Resende 

Segundo as tradições, o lobisomem ataca principalmente durante as madrugadas de terças e sextas-feiras, e os relatos indicam que esses ataques se intensificam nas noites de lua cheia. Neste artigo, vamos explorar as origens dessa crença e como ela chegou até nós, bem como os aspectos mais intrigantes sobre o lobisomem.

A Origem do Lobisomem

A crença no lobisomem remonta a tempos antigos, e seu impacto cultural é significativo em várias partes do mundo. A deste ser mitológico começou com os antigos gregos e suas lendas sobre metamorfose. Os 12 deuses do Olimpo eram conhecidos por suas habilidades de transformação, e a ideia de criaturas que podiam mudar de forma rapidamente se espalhou por várias culturas.

Quando os portugueses chegaram ao Brasil, trouxeram consigo suas próprias crenças e , que se fundiram com as tradições locais.

Assim, o lobisomem encontrou novo lar e significado nas terras brasileiras. De acordo com as lendas locais, o lobisomem no Brasil tem uma conexão especial com as famílias que têm sete filhas. Se um homem nasce em uma dessas famílias, a crença é de que ele inevitavelmente se tornará um lobisomem.

Características do Lobisomem

A imagem do lobisomem é rica em detalhes. Ao nascer, a lobisomem apresenta características físicas que a distinguem de outras : é pálida, magra e possui orelhas um pouco mais longas.

No entanto, é apenas após completar 13 anos que essas características se tornam verdadeiramente evidentes, e a transformação completa em lobisomem ocorre.

A noite de transformação é sempre uma terça ou sexta-feira, a primeira após o 13º aniversário. Este momento é crucial, pois marca o início da jornada do jovem como lobisomem. Durante essas noites, ele se torna um ser aterrorizante, vagando pelas ruas e atacando os incautos que se aventuram fora de casa.

O Comportamento do Lobisomem

Durante as noites de transformação, o lobisomem se comporta de maneira bastante peculiar. Ele se dedica a atos de vandalismo e terror: açoita cachorros, desliga luzes e espanta corujas e outros animais noturnos. Um dos comportamentos mais assustadores é o seu uivo, que é descrito como um som aterrorizante e inquietante, sempre direcionado para a Lua.

Esses ataques são acompanhados por uma aura de mistério e superstição. A crença popular é de que a probabilidade de ser atacado por um lobisomem aumenta se a pessoa não for batizada.

Este detalhe reforça a importância dos rituais religiosos, com muitas famílias fazendo questão de batizar suas crianças logo após o nascimento, como uma forma de proteção contra o lobisomem.

Quebrando o Encanto

O encanto do lobisomem, ou seja, o período em que ele está ativo e causando medo, só se quebra com o nascer do Sol. Quando a primeira luz do dia aparece, o lobisomem retorna para casa, exausto, e adormece como um anjo.

Acorda no dia seguinte sem nenhuma lembrança das suas ações durante a noite anterior. Essa amnésia completa adiciona um elemento de tragédia e mistério à sua figura, pois ele não tem consciência do mal que causou.

A Percepção Cultural do Lobisomem

Apesar de sua aterrorizante, o lobisomem é uma parte importante do folclore em muitas culturas. Em alguns lugares, é visto como um símbolo de punição ou de uma maldição, enquanto em outros, é uma representação dos medos e ansiedades da sociedade.

Cada tem suas próprias variações na história e nas características do lobisomem, o que demonstra a flexibilidade e a adaptabilidade dos mitos ao longo do .

No Brasil, a lenda do lobisomem é especialmente viva e influencia a cultura popular de maneira significativa. As histórias são transmitidas de geração em geração, muitas vezes através das avós, que compartilham contos de lobisomens para manter viva a .

Esses relatos, muitas vezes baseados em experiências pessoais ou em histórias contadas por outros, ajudam a preservar a lenda e a manter viva a sensação de mistério e medo associada a esse ser mítico.

A lenda do lobisomem é uma fascinante mistura de mitologia antiga e tradições locais, que continua a intrigar e a assustar as pessoas até os dias de hoje.

Com suas origens na Grécia antiga e uma adaptação única nas terras brasileiras, o lobisomem é um exemplo claro de como os mitos podem evoluir e se integrar a diferentes culturas.

Seus ataques durante as madrugadas de lua cheia e o medo associado a ele refletem medos universais sobre o desconhecido e o sobrenatural. Enquanto a crença no lobisomem pode variar de uma cultura para outra, o impacto que ele tem na imaginação popular é inegável, e suas histórias continuam a fascinar e a aterrorizar as pessoas em todo o mundo.

Ao explorar a lenda do lobisomem e sua influência cultural, é possível compreender melhor como mitos e superstições moldam nossas percepções do mundo e como eles são passados adiante de geração em geração.

Seja como um símbolo de punição ou como um reflexo das ansiedades culturais, o lobisomem permanece uma figura poderosa no folclore e na imaginação coletiva.

A LENDA DO LOBISOMEM
Imagem: Reprodução/Internet

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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