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A luta contra o racismo no coração do Brasil

A luta contra o no coração do

Por: Iêda Leal

Durante 4° Encontro Nacional de Mães e Familiares de Vítimas do Terrorismo de , em Goiânia, mãe de e entidades que combatem o racismo apontam a quantidade absurda de assassinatos de pessoas negras.

A Secretaria de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores em (CNTE) tem exercido um trabalho fundamental no encaminhamento de políticas para promover a igualdade racial.

Compete à pasta coordenar e propor políticas; fortalecer e fomentar a criação e o funcionamento de Coletivos Estaduais e Municipais junto às entidades filiadas; desenvolver estudos, pesquisas, projetos e publicações para subsidiar a CNTE e suas afiliadas no monitoramento e na implementação do Estatuto da Igualdade Racial e do ensino de história e cultura africana, afro-brasileira e na educação brasileira.

Como titular da pasta, coordenadora nacional do Movimento Negro Unificado (MNU) e vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores no Estado de Goiás (CUT – GO), procuro realizar atividades que atendam a todas essas especificidades, visando sempre a luta contra o racismo, a garantia do direito à vida do povo negro, que é sistematicamente exterminado no nosso país, levando a discussão antirracista aos locais de trabalho, ajudando as pessoas a se prepararem para o enfrentamento diário do racismo.

 

No mês de maio, em mais uma dessas atividades para denunciar a violência que vitima os negros diariamente, a mãe da vereadora Marielle Franco (negra, ativista dos direitos humanos, foi assassinada a tiros em 14 de março de 2018, em um crime até hoje sem elucidação total), a advogada Marinete da , esteve em Goiânia e participou do 4° Encontro Nacional de Mães e Familiares de Vítimas do Terrorismo de Estado, de uma roda de conversa na sede do MNU e da Rádio Trabalhador, reiterando a luta das mães que tiveram seus/suas filhos/as exterminados/as pelo Estado brasileiro.

Nessa roda de conversa, uma das denúncias reforçadas foi a de a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil. Segundo a 5ª edição do Índice de Homicídios na Adolescência (IHA), divulgada no ano passado, a possibilidade de jovens negros serem assassinados é 2,88 vezes mais do que a de jovens não negros, sendo a arma de o principal meio utilizado nos crimes.

Diante desses dados amedrontadores, todos/as juntos/as e unidos/as, CNTE, MNU, movimentos sindicais, Marinete da Silva e tantos/as mais, devemos honrar o de Marielle Franco, símbolo de resistência dentro e fora do Brasil e, além de mantermos vivo o seu legado, continuarmos na luta contra o Estado brasileiro que ainda se apresenta racista e genocida do povo negro. Parem de nos matar! Vidas negras importam!

 

ieda111

 

Iêda Leal – Tesoureira do SINTEGO; Secretaria de Combate ao Racismo da
CNTE; Conselheira do Coordenadora Nacional do Movimento NegroUnificado – MNU; Vice-Presidenta da CUT-GO.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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