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A máquina de ódio não vai nos parar

A máquina de ódio não vai nos parar

A cada sessão na CPMI dos Atos Golpistas, a oposição repete o mesmo modus operandi. O desespero causado pela falta de argumentos (já que os fatos revelados nos últimos meses sepultam as “narrativas” delirantes do bolsonarismo) não lhes deixa muita alternativa dentro do campo da realidade. O que sobra para eles? Desqualificar o debate, partir para o embate ideológico, mentir, agredir.

Por Jandira Feghali/Mídia Ninja

Ainda por cima, há uma enorme parcela de machismo nos ataques destes parlamentares no dia a dia da política brasileira. Na CPMI, a senadora Eliziane Gama, relatora da comissão, tem sido o principal alvo dos bolsonaristas. A todo tempo, tentam descredibilizar seu trabalho e o relatório que ela irá apresentar no fim do inquérito parlamentar – e que, eles sabem, trará uma radiografia completa do processo golpista que resultou nos atos antidemocráticos do 8 de janeiro.

Fazem isso porque são, acima de tudo, covardes. Ficam à vontade para atacar as mulheres porque sentem-se autorizados por séculos de machismo. Esta semana, eu fui um de seus alvos. Um jovem e retrógrado (para dizer o mínimo) deputado federal, que acaba de se tornar réu por transfobia e exposição de menor, aproveitou seu tempo na CPMI para destilar seu ódio contra mim e contra o deputado pastor Henrique Vieira. O presidente da comissão, infelizmente, não me concedeu direito de resposta. Mesmo assim, dei a ele a resposta que merecia. E aí entrou em ação outro recurso dos extremistas de direita: o uso de fake news contra os adversários.

A mentira plantada imediatamente pelos bolsonaristas foi de que eu ameacei o jovem deputado federal de agressão. A bem da verdade, eu o ameacei sim, de um processo judicial caso ele continuasse com suas injúrias. Mas, num tempo em que mensagens de ódio circulam com muito mais velocidade do que a checagem de fatos, a rede extremista que o apoia rapidamente se voltou contra mim. Os milhares de ataques que venho sofrendo desde ontem combinam misoginia, etarismo, ameaças de agressão e ameaças de morte. Saibam, porém, que denunciarei estes ataques. Aos que acreditam que a internet (ainda) é uma terra sem lei, entendam: não permitirei este tipo de agressão.

A violência política de gênero é um dos elementos que unem os bolsonaristas. Na CPMI, eles a usam como cortina de fumaça para tentar desviar o foco do que importa: desmascarar os mandantes e financiadores do processo golpista que por pouco não nos levou a uma nova ditadura militar. Portanto, não adianta xingar, tumultuar, criar fake news ou direcionar a máquina de ódio contra nós. Não vamos parar até que o último golpista esteja preso.

Fonte: Mídia Ninja Capa: Câmara dos Deputados


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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