A memória ancestral é nossa maior riqueza
Muito se fala hoje em defesa do meio ambiente, na sustentabilidade de tudo que existe no planeta, mas os resultados ficam muito aquém do esperado. Defesa do meio ambiente e sustentabilidade para quem? Esse é o grande desafio!
Por @thatiane.parteiratradicional/via Eliane Potiguara
Lamentavelmente o sistema socioeconômico que envolve o planeta Terra está comprometido com o enriquecimento de poucos tendo como mão de obra barata a maioria da humanidade. Essa análise já tornou-se recorrente em todas as discussões básicas de conscientização política sobre respeito ao outro, os direitos humanos, a equidade entre gêneros, raças e etnias, a distribuição de renda e o sistema de produção. E mais… sobre as próximas gerações.
Muitos hão de dizer: façamos a nossa parte então! Qual é o nosso compromisso como ser vivente e político para promover para promover estados de mudança diante da vida em que vivemos?
Nós, mulheres indígenas, já viemos trabalhando no processo de valorização da família – que é a base ética para a defesa do meio ambiente e a preservação do planeta, nossa Mãe Terra, nossa Pachamama – pois essa é a nossa vivência cotidiana, lá onde a memória é o nosso maior triunfo. Sem a memória de nossas histórias e ancestralidade não teríamos essa prática de respeito à natureza. Mesmo com todas as violações dos direitos mais íntimos como mulheres!
O planeta Terra e a Terra onde pisamos e onde enterramos os mortos é a nossa casa espiritual e ancestral. Nossos ancestrais vêm ao longo dos séculos nos fortalecendo através do respeito e de invocações para que possamos tornar-nos uma guardiã, um guardião dessa beleza terrena.
A Terra para nós é sagrada. Nela encontramos nossos seres encantados, nossos cânticos, nossa cultura diferenciada. A Terra é um organismo vivo que fala conosco através das chuvas, dos trovões e da luz do Sol, que faz crescer a vegetação, ilumina o dia, dá o néctar da vida não só para nós, mas para todos os seres vivos terrestres, marítimos e fluviais
A Lua é nossa Avó, o Sol é o nosso Avô. Nossos corpos são sagrados e de nossos úteros brotam vidas. Viva em harmonia então.
ELIANE POTIGUARA
Formada em Letras e licenciada em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, integra, portanto, um pequeno percentual de mulheres indígenas que conseguiram atingir a capacitação superior e trazer contribuições de destaque no que diz respeito a representatividade e resistência originária.
Considerada a primeira escritora indígena do Brasil pela publicação de seu livro A Terra é a Mãe do Índio (1989), a autora já lançou outras cinco obras, incluindo produções literárias para o público infanto-juvenil.
Eliane Potiguara é fundadora do GRUMIN – Grupo Mulher-Educação Indígena, de 1988, visto por muitas pessoas como a primeira articulação brasileira de mulheres indígenas.
Ela também coleciona diversos prêmios e honrarias pelos feitos realizados ao longo da sua vida – sendo o último o de doutora honoris causa pela UFRJ, que obteve no fim de 2021 –, além de indicações importantes como ao Nobel da Paz, no ano de 2005.
Na busca por melhorias para seu povo, passou por diferentes formas de violência física, moral e psicológica, muitas das vezes com a conivência do estado. Mesmo assim, sempre se mostrou engajada para com as problemáticas indígenas, sobretudo por enfatizar as consequências dos processos de aculturação causados pela influência europeia.
Também se dedica a discutir temas que envolvem a invisibilidade da mulher indígena na atual sociedade, que inclusive são debatidos na obra testemunhal Metade Cara, Metade Máscara (2004), o que a coloca como uma das pessoas mais envolvidas com a temática.
Considerada a primeira escritora indígena do Brasil pela publicação de seu livro A Terra é a Mãe do Índio (1989), a autora já lançou outras cinco obras, incluindo produções literárias para o público infanto-juvenil.
Eliane Potiguara é fundadora do GRUMIN – Grupo Mulher-Educação Indígena, de 1988, visto por muitas pessoas como a primeira articulação brasileira de mulheres indígenas.
Ela também coleciona diversos prêmios e honrarias pelos feitos realizados ao longo da sua vida – sendo o último o de doutora honoris causa pela UFRJ, que obteve no fim de 2021 –, além de indicações importantes como ao Nobel da Paz, no ano de 2005.
Na busca por melhorias para seu povo, passou por diferentes formas de violência física, moral e psicológica, muitas das vezes com a conivência do estado. Mesmo assim, sempre se mostrou engajada para com as problemáticas indígenas, sobretudo por enfatizar as consequências dos processos de aculturação causados pela influência europeia.
Também se dedica a discutir temas que envolvem a invisibilidade da mulher indígena na atual sociedade, que inclusive são debatidos na obra testemunhal Metade Cara, Metade Máscara (2004), o que a coloca como uma das pessoas mais envolvidas com a temática.