A natureza não é muda
“Se a natureza fosse um banco, já teria sido salva…”
Eduardo Galeano
A realidade pinta naturezas-mortas.
As catástrofes são chamadas de naturais, como se a natureza fosse o verdugo e não a vítima, enquanto o clima fica de louco de pedra e nós também.
Hoje [5 de junho] é o Dia do Meio Ambiente. Um bom dia para celebrar a nova Constituição do Equador, que, no ano de 2008, pela primeira vez na história do mundo, reconheceu a natureza como um sujeito de direito.
Parece estranho que a natureza tenha direitos, como se fosse pessoa. E ao mesmo tempo parece a coisa mais normal que as grandes empresas dos Estados Unidos tenham direitos humanos. E têm, por decisão da Suprema Corte de Justiça, desde 1886.
Se a natureza fosse um banco, já teria sido salva.
EDUARDO GALEANO
Eduardo Hughes Galeano nasceu em Montevidéu, Uruguai, no dia 3 de setembro de 1940. Descendente de uma família de classe média, de formação católica, pensava em se tornar jogador de futebol, mas percebeu que não tinha habilidade necessária para isso, porém, escreveu muito sobre o esporte. Acabou exercendo trabalhos diferenciados, como caixa de banco e datilógrafo.
Carreira literária
Embora aos 14 anos ele já houvesse enviado uma charge para o jornal El Sol, do Partido Socialista, sua carreira na imprensa só se firmaria na década de 60, quando se tornou editor do jornal “Marcha”, ao lado de colaboradores como Mario Vargas Llosa (futuro Prêmio Nobel) e Mario Benedetti.
Nos anos 70, com o regime militar no Uruguai, Galeano foi perseguido pela publicação de seu livro “As Veias Abertas da América Latina” (1971), obra de referência de esquerda, na qual o autor analisa a história da América Latina do colonialismo ao século 20.
Em 1973, foi preso em decorrência do golpe militar em seu país, e posteriormente exilou-se na Argentina, onde lançou a revista cultural “Crisis”.
Em 1976, Eduardo Galeano mudou-se para a Espanha, por causa da crescente violência da ditadura argentina. Em 1985, lançou na Espanha o livro “Memória do Fogo”. Nesse mesmo ano, com a redemocratização de seu país, retornou a Montevidéu.
Memória do Fogo é uma trilogia da História da Américas. Os personagens são generais, revolucionários, operários, conquistadores e conquistados, que são retratados em pequenos contos que refletem o período colonial do continente.
Autor de mais de trinta livros, traduzidos para cerca de vinte idiomas, Galeano declarou, em 2014, que não se identificava mais com sua anticapitalista obra “As Veias Abertas da América Latina”. Sobre ela, disse o autor: “Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é extremamente árida, e meu físico já não a tolera”.
Em 2006, Eduardo Galeano ganhou o Prêmio Internacional de Direitos Humanos através da Global Exchange, instituição humanitária americana.
Eduardo Galeano faleceu em Montevidéu, no Uruguai, no dia 13 de abril de 2015, em decorrência de um câncer.
Outras obras
- A Pedra Arde (1983)
- O Livro dos Abraços (1989)
- O Futebol ao Sol e à Sombra (1995)
- O Teatro do Bem e do Mal (2002)
- Espelhos – Uma Quase História Universal (2008)
- Os Filhos dos Dias (2012)
Frases de Eduardo Galeano
- “O corpo não é uma máquina como nos diz a ciência. Nem uma culpa como nos fez crer a religião. O corpo é uma festa.”
- “Na luta do bem contra o mal, é sempre o povo que morre.”
- “Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos.”
- “Quando as palavras não são tão dignas quanto o silêncio, é melhor calar e esperar.”
- “Dos medos nascem as coragens; e das dúvidas, as certezas. Os sonhos anunciam outra realidade possível e os delírios, outra razão.”
Fonte: E-biografias
Autor da obra-prima As Veias Abertas da América Latina, é também de Galeano, uma das mais singelas e ao mesmo tempo mais profundas definição de Utopia:
“A Utopia está lá no horizonte.
Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos.
Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos.
Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei.
Para que serve a Utopia?
Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar“.