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ACIMA DE TUDO, UM PETISTA

ACIMA DE TUDO, UM PETISTA

ACIMA DE TUDO, UM PETISTA

Athos e eu fomos da mesma direção nacional do PT, nos anos 1980. Tempo de construção partidária, nessa experiência tão bonita e tão longeva que o Athos Pereira ajudou a construir.

Adair Rocha 

UM CIDADÃO UNIVERSAL

O falecimento de Athos Pereira deixa um vazio para todos nós. Meu solidário abraço a todos e todas que tiveram a oportunidade de conhecer e conviver com ele.

Paulo Pimenta

A primeira vez que eu vi o Athos foi em um evento petista em Goiânia, isso já tem mais de duas décadas. Depois, passei a conhecê-lo mais de perto em Formosa, em algumas reuniões na casa da Zezé. Um pouco mais tarde, com a vinda dele pra morar em Formosa, ficamos amigos. Em 2016, eu fui candidato a prefeito e contei com o apoio irrestrito dele e da Thais. Foi uma campanha simples, mas produtiva e, pra mim, de muito aprendizado do ponto de vista político. Nos anos seguintes, nossa amizade foi ficando cada vez mais sólida, nas campanhas, na militância e na vida pessoal. Em 2017, eu fui eleito presidente e ele vice nas eleições do PT Formosa. Daí, seguimos juntos na direção do PT até a partida dele, em 13 de agosto. Sinto demais a perda do companheiro Athos. Devo a ele a capacidade política que eu tenho de observar posicionamentos diferentes dos meus com respeito e tolerância.  

Altamir Gualberto, Mirim 

Conheci o Athos em 1986, na campanha eleitoral da Constituinte, em Luziânia. Ele veio aqui fazer uma plenária do PT e depois seguimos nos encontrando uma vez por mês, em Goiânia ou em Brasília, nas reuniões do Partido, junto com outro gigante da militância, o saudoso João Dalvi. Eu adorava o pós-reunião, porque a gente sempre saía para tomar uns tragos em um boteco qualquer. Ele sempre dizia que a conta era dele, porque em boteco o líder é quem paga. Ele ria disso. Em 1990, o Lula veio a Goiás e nós, eu e o Athos, fomos participar do comício do Lula em Trindade, o Athos tenso, preocupado com segurança do companheiro. Depois, num aniversário dele em um apartamento da Asa Norte, fiquei acanhado porque tinha muita autoridade chegando com whisky caro e eu só consegui levar de presente uma cachaça de Luziânia, mas ele foi logo dizendo que gostava daquela pinga e que amou o presente. Aprendi muito com o Athos, um aprendizado que foi entrando sem pressa e foi muito legal na minha formação política, no meu caráter como político militante do PT. 

Didi Viana

Athos Pereira passou por nossa vida como uma presença ao mesmo tempo marcante e suave. De volta ao Brasil com a anistia política conquistada pelo movimento popular em 1979, foi peça chave na construção do Partido dos Trabalhadores em Goiás. Depois, em Brasília, contribuiu para estruturar um PT com raízes no povo, compromisso socialista e capacidade de incidir na política institucional. A presença dele na Liderança do PT na Câmara emprestou credibilidade e contribuiu para a unidade da bancada e de sua assessoria, a qual tive a honra de integrar nos anos 1980 e 90. Athos tinha a capacidade de ver a floresta para além de cada árvore, era leal e ético no relacionamento com parlamentares, colegas e representações populares. O jeito tranquilo e bem-humorado do Athos ajudou a criar um ambiente de trabalho colaborativo e qualificado sem o qual não teríamos construído o PT. 

Márcio Marques de Araújo

Conheci Athos Pereira no início dos anos 1980. Comecei a trabalhar na sede do Diretório Estadual do PT no mesmo ano em que o Athos Pereira foi eleito presidente do PT Goiás. Ele era um ser humano daqueles que quase não existem mais. Preocupava-se muito com os trabalhadores do Partido, e quando o PT às vezes não tinha dinheiro para pagar os funcionários, ele mesmo arcava do próprio bolso para não nos deixar sem pagamento. Foi um dos melhores presidentes que o PT já teve. 

Neuza Maria Borges

Nosso encontro se deu quando Athos, recém-voltando do exílio, se lançou candidato ao Senado para fortalecer o PT. Ele nos brindava com sua perspicácia em relatar sua vida no exílio, sua experiência política, e isso o diferenciava das outras lideranças. Sua inteligência, sua capacidade de análise e sua oratória sempre nos impressionavam. Trabalhamos juntos na liderança do PT. Para mim, foi um período de intenso aprendizado e crescimento pessoal. Ele nos ensinava a importância da constante atualização e da adaptação às novas realidades. A partida de Athos deixou um vazio em nossas vidas. Mas suas ideias, seus valores e seu legado continuarão a nos inspirar. Ele será para sempre lembrado como um grande homem, um político íntegro e um amigo leal. 

Regina Zolet

Saudade de seu sorriso largo, de seu bom humor, de sua dedicação ao PT e às lutas; dos nossos velhos tempos, da 1ª campanha eleitoral do PT, em 1982, ainda na ditadura, quando colar um simples cartaz em um muro era motivo pra nos atacarem até com armas de fogo. Saudade de sua companhia, nos meados de 1980, na sede do PT, no centro de Goiânia, de onde sempre saíamos, à noite, para continuar articulando em algum boteco; da memorável campanha de 1985, com as eleições “roubadas” de Darci Accorsi para prefeito de Goiânia, quando a justiça, pra variar, não nos foi feita. Saudades das nossas construções conjuntas, eu pela CUT e você, pelo PT, no final da década de 1980. Quanta falta você faz! O alento é saber que você foi, até o fim, um guerreiro amoroso e digno. E que escolheu ir embora num dia 13, fazendo da sua partida uma última homenagem ao nosso PT 

Sandra Cabral

Conheci Athos Pereira na fase de reconstrução do nosso país, nas andanças pra aglutinar forças e organizar um Partido de esquerda e dos Trabalhadores em Goiás. Era uma liderança simples, descontraída, preparada e firme em suas convicções. Sempre se dispôs a exercer tarefas importantes, inclusive em momentos difíceis colocou seu nome disponível às candidaturas do PT, sem almejar proveito próprio, somente para fortalecer nosso Partido. Ocupou vários cargos na Direção do PT e foi Presidente do Diretório Estadual em Goiás. Em 1990, fomos companheiros de chapa, ele candidato ao Senado e eu a Governador, ocasião em que viajamos por todo o estado e fizemos uma bela campanha, um ano após a grande campanha do Lula à Presidência em 1989. Além de ser meu conterrâneo – nascemos, os dois, em Porto Nacional –, Athos foi um grande ser humano e um político respeitado. Tenho orgulho de ter sido seu compadre! 

Valdi Camarcio

SEMPRE UM REBELDE

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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