Os lugares sagrados dos povos Tukano agora estão no Google Earth
O Google forneceu a tecnologia e os índios tukano, as histórias. Nessa nova parceria entre o Instituto Socioambiental (ISA) e o Google Earth, é possível viajar pela região do Alto Rio Negro e conhecer a cosmologia dos povos Tukano, Desana, Piratapuia, Tuyuka, Bará e Barasana, todas da família linguística Tukano Oriental.
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Partindo de Manaus Rio Negro acima, o leitor pode navegar por 11 pontos na plataforma do Google Earth. Em cada um deles, uma história do tempo da criação do Mundo para os povos tukano. O conteúdo é baseado no filme “Pelas Águas do Rio de Leite”, lançado em março, em Manaus, e que será exibido em São Paulo em agosto.
O documentário, dirigido pela antropóloga Aline Scolfaro, pesquisadora do Programa Rio Negro do ISA, retrata duas expedições feitas por conhecedores indígenas dessas etnias para revisitar os lugares sagrados de seu povo e refazer a rota de origem de seus ancestrais.
de conversa, narrações e filmagens no sítio Temendawi, Médio Rio Negro. Como muitos outros pontos ao longo do trajeto da Cobra-Canoa, este local é considerado casa de wai mahsã, (gente-peixe), seres que já habitavam essas terras no tempo da viagem da Cobra-Canoa
Ao longo de mil quilômetros, mais de 60 lugares sagrados foram visitados e quase 300 horas de gravações foram produzidas. Desses 60 lugares sagrados, 11 foram selecionados para o documentário, e replicados na história publicada no Google Earth.
A viagem da Cobra-Canoa
Segundo os tukano, antes de tudo existir havia o Avô do Universo, sozinho na “Maloca do Céu”, em meio à escuridão. Um dia, ele resolveu fazer o Mundo, com suas águas, terras, matas, dias e ar, nuvens e ventos, e também os seres humanos.
Assim, fez surgir o Mundo e, por último, fez surgir a Gente de Transformação, que são os primeiros ancestrais dos povos tukano. No extremo Leste, onde o Sol nasce, ele fez surgir o Lago de Leite. Transformando uma grande cobra em uma canoa, mandou que todos embarcassem nela para iniciar uma longa viagem rumo ao centro da Terra.
A cobra-canoa, então, iniciou sua jornada pelo Rio de Leite, onde hoje ficam os rios Negro, Uaupés e seus afluentes. A canoa foi parando pelo caminho e, a cada parada, os ancestrais tukano adquiriam poderes e conhecimentos que até hoje fazem parte da herança cultural das etnias dessa família linguística.
Sobre o ISA
O Instituto Socioambiental (ISA) é uma das principais organizações ambientalistas e indigenistas do Brasil. Com 24 anos de existência, o ISA atua regional e nacionalmente para defender povos indígenas, comunidades tradicionais, direitos humanos e o patrimônio cultural, valorizando a diversidade socioambiental do Brasil.
Sobre os povos da família tukano
Os índios que vivem às margens do Rio Uaupés e seus afluentes – Tiquié, Papuri, Querari e outros menores – integram atualmente 17 etnias, muitas das quais vivem também na Colômbia. Esses grupos indígenas falam línguas da família Tukano Oriental (apenas os Tariana têm origem Aruak) e participam de uma ampla rede de trocas, que incluem casamentos, rituais e comércio, compondo um conjunto sócio-cultural definido, comumente chamado de “sistema social do Uaupés/Pira-Paraná”.
As etnias que estão na região do Rio Uaupés são Arapaso, Bará, Barasana, Desana, Karapanã, Kubeo, Makuna, Mirity-tapuya, Pira-tapuya, Siriano, Tariana, Tukano, Tuyuka, Kotiria, Tatuyo, Taiwano, Yuruti (as três últimas habitam só na Colômbia). Estão no noroeste da Amazônia, às margens do Rio Uaupés e seus afluentes.
Fonte: Instituto Socioambiental
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