Ahó Ahó: uma lenda do sul do Brasil
Existe no imaginário popular associado ao folclore do Sul do Brasil a figura de uma criatura monstruosa, parecida com um carneiro de grandes e pontudos chifres, também descrita como um cachorro peludo, que soltava fumaça pela boca quando atacava, com uma avidez danada, desavisados seres humanos…
Por Zezé Weiss
Ao contrário da maioria dos mitos brasileiros, que se apresentam como figuras solitárias, os Ahó Ahó agiam em bando, emitindo um som parecido com Ahó Ahó (daí seu nome), quando investiam contra indígenas que se desgarravam das reduções mantidas pela Companhia de Jesus. É o que diz a lenda.
De onde sai uma história dessas? Neste caso, parece ser que o mito do Ahó Ahó foi difundido pelos padres jesuítas, no tempo das Missões, para assustar os índios Guarani, demonizando sua jornada livre pela floresta, para forçar sua permanência fora de suas aldeias, no território das Missões.
A ideia de que a única solução para se salvar da fúria dos Ahó Ahó era subir numa palmeira sagrada de onde se tiravam as palmas para as bençãos da Igreja no Domingo de Ramos (o domingo antes da Páscoa, segundo o Cristianismo) reforça a tese da difusão do mito pelos jesuítas das Missões do Sul do Brasil.
Entretanto, o mito parece ter ido mais além e hoje é conhecido em todo o território ocupado pelas nações do povo indígena Guarani, tanto no Brasil quanto na Argentina, na Bolívia e no Paraguai.
Zezé Weiss – Jornalista Socioambiental. Releitura da Lenda dos Ahó Ahó, com base em literatura encontrada na Internet.